quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A Doutrina de Choque - Ocupação de Wall Street


Este guia foi feito em solidariedade com o movimento occupy wall street e não é diretamente afiliado

O método abaixo é usado por muitas pessoas, incluindo fotógrafos na Grécia durante protestos

DEFESA CONTRA GÁS LACRIMOGÊNIO

As dicas a seguir devem ser usadas apenas para defesa pessoal e em eventos onde a polícia/oficiais do governo usarem gás lacrimogênio em protestos pacíficos. Nunca incite a violência.

ITENS DE QUE VOCÊ PRECISA

Máscaras para pintura/contra poeira
(Encontrada em lojas de materiais de construção)
Proteção para os olhos
(Também nestas lojas)
Borrifador de água
(Cuidado para não usar garrafas com produtos de limpeza)
Antiácido líquido
(Qualquer um, como Maalox ou Mylanta)

AJUDE VOCÊ MESM@ E OS OUTROS

- Depois de usar o método do antiácido líquido e água em você mesm@, use o borrifador em pessoas que venham até você pedindo ajuda. Borrife no rosto e na boca;
- Se você estiver usando proteção para os olhos ou a máscara, tenha atitude e chute a lata de gás pra longe da multidão. Se você chutar no esgoto ou mergulhar na água, você reduzirá os efeitos;
- Aja pacificamente. Protestos pacíficos são a única forma de ser levad@ a sério e de ser verdadeiramente ouvid@.

CONHEÇA SEU INIMIGO
Gás lacrimogênio é uma arma química não letal que estimula os nervos da córnea e faz lacrimejar, causa dor e até cegueira. O gás atua na irritação das membranas e muco dos olhos, nariz, boca e pulmões, e causa o lacrimejar, espirros, tosse, dificuldade para respirar, dor nos olhos, cegueira temporária, etc.

REMÉDIO PARA GÁS LACRIMOGÊNIO (Antiácido Líquido e Água - ALA)
Esteja preparad@ para se expor. O gás lacrimogênio é composto por partículas, não é realmente um gás, assim as máscaras de pintura/contra poeira ajudam.

"Os gregos estão qualificados para escolher o equipamento de proteção correto. Maalox é o máximo"

1) Encontre um bom borrifador e limpe-o bem;
2) Encha metade da garrafa com antiácido líquido (Maalox);
3) Encha a outra metade com água;
4) Quando se expor, borrife nos olhos e boca e engula.

Também é eficaz como recurso para "spray" de pimenta

Um estudo baseado na Universidade da Califórnia verificou que a aplicação de antiácidos para dor induzida por capsaicina é eficaz, particularmente no tratamento logo após a exposição da capsaicina refinada.


FIQUE ESPERT@. FIQUE UNID@. FIQUE INFORMAD@. PROTEJA SUAS/SEUS COMPAS. NÃO ACREDITE NA MÍDIA.
11 de Outubro de 2011 às 10:27

Naomi Klein



Eu amo vocês.
E eu não digo isso só para que centenas de pessoas gritem de volta “eu também te amo”, apesar de que isso é, obviamente, um bônus do microfone humano. Diga aos outros o que você gostaria que eles dissessem a você, só que bem mais alto.
Ontem, um dos oradores na manifestação dos trabalhadores disse: “Nós nos encontramos uns aos outros”. Esse sentimento captura a beleza do que está sendo criado aqui. Um espaço aberto (e uma ideia tão grande que não pode ser contida por espaço nenhum) para que todas as pessoas que querem um mundo melhor se encontrem umas às outras. Sentimos muita gratidão.
Se há uma coisa que sei, é que o 1% adora uma crise. Quando as pessoas estão desesperadas e em pânico, e ninguém parece saber o que fazer: eis aí o momento ideal para nos empurrar goela abaixo a lista de políticas pró-corporações: privatizar a educação e a seguridade social, cortar os serviços públicos, livrar-se dos últimos controles sobre o poder corporativo. Com a crise econômica, isso está acontecendo no mundo todo.
Só existe uma coisa que pode bloquear essa tática e, felizmente, é algo bastante grande: os 99%. Esses 99% estão tomando as ruas, de Madison a Madri, para dizer: “Não. Nós não vamos pagar pela sua crise”.
Esse slogan começou na Itália em 2008. Ricocheteou para Grécia, França, Irlanda e finalmente chegou a esta milha quadrada onde a crise começou.
“Por que eles estão protestando?”, perguntam-se os confusos comentaristas da TV. Enquanto isso, o mundo pergunta: “por que vocês demoraram tanto? A gente estava querendo saber quando vocês iam aparecer.” E, acima de tudo, o mundo diz: “bem-vindos”.
Muitos já estabeleceram paralelos entre o Ocupar Wall Street e os assim chamados protestos antiglobalização que conquistaram a atenção do mundo em Seattle, em 1999. Foi a última vez que um movimento descentralizado, global e juvenil fez mira direta no poder das corporações. Tenho orgulho de ter sido parte do que chamamos “o movimento dos movimentos”.
Mas também há diferenças importantes. Por exemplo, nós escolhemos as cúpulas como alvos: a Organização Mundial do Comércio, o Fundo Monetário Internacional, o G-8. As cúpulas são transitórias por natureza, só duram uma semana. Isso fazia com que nós fôssemos transitórios também. Aparecíamos, éramos manchete no mundo todo, depois desaparecíamos. E na histeria hiper-patriótica e nacionalista que se seguiu aos ataques de 11 de setembro, foi fácil nos varrer completamente, pelo menos na América do Norte.
O Ocupar Wall Street, por outro lado, escolheu um alvo fixo. E vocês não estabeleceram nenhuma data final para sua presença aqui. Isso é sábio. Só quando permanecemos podemos assentar raízes. Isso é fundamental. É um fato da era da informação que muitos movimentos surgem como lindas flores e morrem rapidamente. E isso ocorre porque eles não têm raízes. Não têm planos de longo prazo para se sustentar. Quando vem a tempestade, eles são alagados.
Ser horizontal e democrático é maravilhoso. Mas esses princípios são compatíveis com o trabalho duro de construir e instituições que sejam sólidas o suficiente para aguentar as tempestades que virão. Tenho muita fé que isso acontecerá.
Há outra coisa que este movimento está fazendo certo. Vocês se comprometeram com a não-violência. Vocês se recusaram a entregar à mídia as imagens de vitrines quebradas e brigas de rua que ela, mídia, tão desesperadamente deseja. E essa tremenda disciplina significou, uma e outra vez, que a história foi a brutalidade desgraçada e gratuita da polícia, da qual vimos mais exemplos na noite passada. Enquanto isso, o apoio a este movimento só cresce. Mais sabedoria.
Mas a grande diferença que uma década faz é que, em 1999, encarávamos o capitalismo no cume de um boom econômico alucinado. O desemprego era baixo, as ações subiam. A mídia estava bêbada com o dinheiro fácil. Naquela época, tudo era empreendimento, não fechamento.
Nós apontávamos que a desregulamentação por trás da loucura cobraria um preço. Que ela danificava os padrões laborais. Que ela danificava os padrões ambientais. Que as corporações eram mais fortes que os governos e que isso danificava nossas democracias. Mas, para ser honesta com vocês, enquanto os bons tempos estavam rolando, a luta contra um sistema econômico baseado na ganância era algo difícil de se vender, pelo menos nos países ricos.
Dez anos depois, parece que já não há países ricos. Só há um bando de gente rica. Gente que ficou rica saqueando a riqueza pública e esgotando os recursos naturais ao redor do mundo.
A questão é que hoje todos são capazes de ver que o sistema é profundamente injusto e está cada vez mais fora de controle. A cobiça sem limites detona a economia global. E está detonando o mundo natural também. Estamos sobrepescando nos nossos oceanos, poluindo nossas águas com fraturas hidráulicas e perfuração profunda, adotando as formas mais sujas de energia do planeta, como as areias betuminosas de Alberta.
A atmosfera não dá conta de absorver a quantidade de carbono que lançamos nela, o que cria um aquecimento perigoso. A nova normalidade são os desastres em série: econômicos e ecológicos.
Estes são os fatos da realidade. Eles são tão nítidos, tão óbvios, que é muito mais fácil conectar-se com o público agora do que era em 1999, e daí construir o movimento rapidamente.
Sabemos, ou pelo menos pressentimos, que o mundo está de cabeça para baixo: nós nos comportamos como se o finito – os combustíveis fósseis e o espaço atmosférico que absorve suas emissões – não tivesse fim. E nos comportamos como se existissem limites inamovíveis e estritos para o que é, na realidade, abundante – os recursos financeiros para construir o tipo de sociedade de que precisamos.
A tarefa de nosso tempo é dar a volta nesse parafuso: apresentar o desafio à falsa tese da escassez. Insistir que temos como construir uma sociedade decente, inclusiva – e ao mesmo tempo respeitar os limites do que a Terra consegue aguentar.
A mudança climática significa que temos um prazo para fazer isso. Desta vez nosso movimento não pode se distrair, se dividir, se queimar ou ser levado pelos acontecimentos. Desta vez temos que dar certo. E não estou falando de regular os bancos e taxar os ricos, embora isso seja importante.
Estou falando de mudar os valores que governam nossa sociedade. Essa mudança é difícil de encaixar numa única reivindicação digerível para a mídia, e é difícil descobrir como realizá-la. Mas ela não é menos urgente por ser difícil.
É isso o que vejo acontecendo nesta praça. Na forma em que vocês se alimentam uns aos outros, se aquecem uns aos outros, compartilham informação livremente e fornecem assistência médica, aulas de meditação e treinamento na militância. O meu cartaz favorito aqui é o que diz “eu me importo com você”. Numa cultura que treina as pessoas para que evitem o olhar das outras, para dizer “deixe que morram”, esse cartaz é uma afirmação profundamente radical.
Algumas ideias finais. Nesta grande luta, eis aqui algumas coisas que não importam:
· Nossas roupas.
· Se apertamos as mãos ou fazemos sinais de paz.
· Se podemos encaixar nossos sonhos de um mundo melhor numa manchete da mídia.
E eis aqui algumas coisas que, sim, importam:
· Nossa coragem.
· Nossa bússola moral.
· Como tratamos uns aos outros.
Estamos encarando uma luta contra as forças econômicas e políticas mais poderosas do planeta. Isso é assustador. E na medida em que este movimento crescer, de força em força, ficará mais assustador. Estejam sempre conscientes de que haverá a tentação de adotar alvos menores – como, digamos, a pessoa sentada ao seu lado nesta reunião. Afinal de contas, essa será uma batalha mais fácil de ser vencida.
Não cedam a essa tentação. Não estou dizendo que vocês não devam apontar quando o outro fizer algo errado. Mas, desta vez, vamos nos tratar uns aos outros como pessoas que planejam trabalhar lado a lado durante muitos anos. Porque a tarefa que se apresenta para nós exige nada menos que isso.
Tratemos este momento lindo como a coisa mais importante do mundo. Porque ela é. De verdade, ela é. Mesmo.
Discurso originalmente publicado no The Nation. Tradução para o português do Brasil, de Idelber Alvelar, da Revista Fórum.



'A doutrina do choque'. O tema do novo livro da ativista Naomi Klein 



Arquivado em: Política
Escrito por Naomi Klein

Dom, 30 de Setembro de 2007 13:02

Reproduzimos entrevista com Naomi Klein, que lançou um livro interessante. Pretende unir vários acontecimentos do século XX com mudanças econômicas, tais como as propagadas por figuras como Milton Friedman e Friedrich Hayek. Daí o título das mudanças econômicas associadas a outros acontecimentos: "A doutrina do choque" (com esse vídeo de divulgação). Lá vai (Fonte: Unisinus, dica do Desobediente):


O golpe de Pinochet no Chile. O massacre da Praça de Tiananmen. O Colapso da União Soviética. O 11 de setembro de 2001. A guerra contra o Iraque. O tsunami asiático e o furacão Katrina. O que todos esses acontecimentos têm em comum? É o que a ativista canadense antiglobalização Naomi Klein explica em seu novo livro The Shock Doctrine: The Rise of Disaster Capitalism [A doutrina do choque: O auge do capitalismo do desastre] – ainda sem tradução para o português. Naomi Klein em uma longa entrevista para o sítio La Haine, 27-09-2007, afirma que a história do livre-mercado contemporâneo foi escrita em choques e que os eventos catastróficos são extremamente benéficos para as corporações. Ao mesmo tempo a autora revela que os grandes nomes da economia liberal, como Milton Friedman, defendem o ‘capitalismo do desastre’. A tradução é do Cepat.

O que é exatamente a doutrina do choque?

A doutrina do choque como todas as doutrinas é uma filosofia de poder. É uma filosofia sobre como conseguir seus próprios objetivos políticos e econômicos. É uma filosofia que sustenta que a melhor maneira, a melhor oportunidade para impor as idéias radicais do livre-mercado é no período subseqüente ao de um grande choque. Esse choque poder ser uma catástrofe econômica. Pode ser um desastre natural. Pode ser um ataque terrorista. Pode ser uma guerra. Mas, a idéia é que essas crises, esses desastres, esses choques abrandam a sociedades inteiras. Deslocam-nas. Desorientam as pessoas. E abre-se uma ‘janela’ e a partir dessa janela se pode introduzir o que os economistas chamam de ‘terapia do choque econômico’.

É uma espécie de extrema cirurgia de países inteiros. E tudo de uma vez. Não se trata de um reforma aqui, outra por ali, mas sim uma mudança de caráter radical como o que vimos acontecer na Rússia nos anos noventa, o que Paul Bremer procurou impor no Iraque depois da invasão. De modo que é isso a doutrina do choque. E não significa que apenas os direitistas em determinada época tenham sido os únicos que exploraram essa oportunidade com as crises, porque essa idéia de explorar uma crise não é exclusividade de uma ideologia em particular. Os fascistas também se aproveitaram disso, os comunistas também o fizeram.


Explique quem é Milton Friedman, a quem ataca energicamente nesse livro?

Bem, ataco Milton Friedman porque é o símbolo da história que estou abordando. Milton Friedman morreu no ano passado. Morreu em 2006. E quando morreu, vimos como o descreveram em tributos pomposos como se fosse provavelmente o intelectual mais importante do período pós-guerra. Não apenas o economista mais importante, mas o intelectual mais importante. E é verdade que se pode construir um argumento contundente nesse sentido. Foi conselheiro de Thatcher, de Nixon, de Reagan, do atual governo Bush. Deu aulas a Donald Rumsfeld no início de sua carreira. Assessorou Pinochet nos anos setenta. Também assessorou o Partido Comunista da China no período chave da reforma ao final dos anos oitenta.

Sendo assim, teve uma influência enorme. Falei outro dia com alguém que o descreveu como o Karl Marx do capitalismo. E acredito que não é uma comparação ruim, mesmo que esteja segura de que Marx não gostaria nem um pouco. Mas foi realmente um popularizador dessas idéias.

Tinha uma visão de sociedade na qual o único papel aceitável para o Estado era o de implementar contratos e proteger fronteiras. Tudo o demais deve ser entregue por completo ao mercado, seja a educação, os parques nacionais, os correios, tudo o que poderia produzir algum lucro. E realmente viu, suponho, que as compras – a compra e a venda – constituem a forma mais elevada de democracia, a forma mais elevada de liberdade. O seu livro mais conhecido é Capitalism and Freedom [Capitalismo e liberdade].

Quando da sua morte no ano passado, percebemos o como essas idéias radicais de livre mercado chegaram a dominar o mundo, de como varreram a antiga União Soviética, a América Latina, a África, de como essas idéias triunfaram durante os últimos trinta e cinco anos. E isso me impressionou muito, porque já estava escrevendo esse livro. Nessas idéias - que tanto se falou quando da morte de Friedman -, nunca ouvimos falar de violência, nunca ouvimos falar de crises e nunca ouvimos falar de choques. Ou seja, a história oficial é de que estas idéias triunfaram porque desejávamos que assim o fosse, que o Muro de Berlim caiu porque as pessoas exigiram ter seus Big Macs junto com a sua democracia. E a história oficial do auge dessa ideologia passa por Margaret Thatcher dizendo: “Não há alternativa”, à Francis Fukuyama afirmando que “a história terminou, o capitalismo e a liberdade caminham juntos”.

Portanto, o que procuro fazer nesse livro é contar a mesma história, a conjuntura crucial nos qual essa ideologia entrou com força, mas re-introduzo a violência, re-introduzo os choques e, digo que existe uma relação entre os massacres, entre as crises, entre os grandes choques e os duros golpes contra vários países e a capacidade de imposição de políticas que são rejeitadas pela grande maioria das pessoas desse planeta.


Você fala de Milton Friedman. Qual a relação com a ‘Escola de Chicago’?
A influência de Milton Friedman provém do seu papel como o popularizador real do que é conhecido como a ‘Escola de Chicago’. Ele foi professor na Universidade de Chicago. Estudou na Universidade de Chicago e na seqüência foi professor nessa instituição. O seu mentor foi um dos economistas mais radicais do livre mercado da nossa época,Friedrich Von Hayek que foi professor na Universidade de Chicago.

A Escola de economia de Chicago representa essa contra-revolução contra o Estado de bem estar social. Nos anos cinqüenta, Harvard e Yale e as oito escolas mais prestigiadas dos EUA estavam dominadas por economistas keynesianos, pessoas como John Kenneth Galbraith, que acreditava que depois da grande depressão, era crucial que a economia funcionasse com uma força moderadora do mercado. E foi a partir daí que nasceu um ‘novo contrato’, a do Estado de bem estar social e tudo isso que faz com que o mercado seja menos brutal e se tenha uma espécie de sistema público de saúde, seguro desemprego, assistência social, etc.

A importância do Departamento de Economia da Universidade de Chicago é que realmente ele foi um instrumento de Wall Street, que financiou muito, muito consideravelmente a Universidade de Chicago. Walter Wriston, o chefe do Citibank era muito amigo de Milton Friedman e a Universidade de Chicago se converteu em uma espécie de ponto de partida da contra-revolução contra o keynesianismo e o novo contrato social com o objetivo de desmanchá-lo.


Qual a relação da Escola de Chicago com o Chile?

Depois da eleição de Salvador Allende, a eleição de um socialista democrático, em 1970, houve um complô para derrubá-lo. Nixon disse genialmente: “Que a economia grite”. E o complô teve numerosos elementos, embargos, etc e finalmente o apoio para o golpe de Pinochet em setembro de 1973. Escutamos muito falar nos ‘Chicago Boys’ no Chile, mas não sabemos detalhes sobre o que foram na realidade.

O que faço no livro é contar esse capítulo da história. (...) Em 11 de setembro de 1973, enquanto os tanques rodavam pelas ruas de Santiago e o palácio presidencial ardia e Salvador Allende era morto, um grupo dos assim chamados ‘Chicagos Boys’, assumia o controle da economia. Economistas chilenos que haviam sido levados para a Universidade de Chicago para estudar com bolsas do governo dos EUA como parte de uma estratégia deliberada para orientar a direita latino-americana.

Tratou-se de um programa ideológico financiado pelo governo dos EUA, parte do que o ex-ministro do exterior chama de “um projeto de transferência ideológica deliberada”, ou seja, levar esses estudantes a uma escola distante, na Universidade de Chicago e doutriná-los num tipo de economia que era marginal nos EUA na época e enviá-los de volta para casa como guerreiros ideológicos.


Falemos do choque no sentido da tortura...

Começo o livro estudando dois laboratórios para a doutrina do choque. Como disse anteriormente, considero que há diferentes formas de choque. Um deles é o choque econômico e o outro o choque corporal, os choques nas pessoas. E nem sempre acontecem juntos, mas estiveram presentes em conjunturas cruciais. Assim que um dos laboratórios para essa doutrina foi a Universidade de Chicago nos anos cinqüenta, quando todos esses economistas latino-americanos foram treinados para se converter em terapeutas do choque econômico. Outro – e não se trata de uma espécie de grandiosa conspiração – foi a Universidade McGill nos anos cinqüenta.

A Universidade McGill foi o ponto de partida para os experimentos que a CIA financiou para aprender sobre tortura. Quero dizer, foi chamado ‘controle da mente’ na época ou ‘lavagem cerebral’. Agora compreendemos, graças ao trabalho de gente como Alfred McCoy, que consta em seu programa que o que realmente pesquisavam nos anos cinqüentas sob o programa MK-ULTRA, foram experimentos de eletrochoques extremos, LSD, PCP, extrema privação sensorial, sobrecarga sensorial, tudo isso que vemos hoje utilizados em Guantánamo e Abu Ghraib. Um manual para desfazer personalidades, para a regressão total de personalidades. (...) McGill realizou parte dos seus experimentos fora dos EUA, porque assim considerava melhor a CIA.

Em Montreal?

Sim. McGill em Montreal. Na época então, o chefe de psiquiatria era um individuo chamado Ewen Cameron. Na realidade se tratava de um cidadão estadunidense. Foi anteriormente chefe da Associação de Psiquiatria Estadunidense. Foi para McGill para ser chefe de psiquiatria e para dirigir um hospital chamado de Allan Memorial Hospital, que era um hospital psiquiátrico. Recebeu financiamento da CIA e transformou o Allan Memorial Hospital em um laboratório extraordinário para o que agora consideramos técnicas alternativas de interrogatório. Dopava os seus pacientes com estranhos coquetéis de drogas, como LSD e PCP. Os fazia dormir, uma espécie de estado de coma durante um mês. Colocou alguns dos seus pacientes em uma situação de privação sensorial extrema e a intenção era que perdessem a idéia de espaço e tempo. Ewen Cameron dizia acreditar que a doença mental poderia ser tratada tomando pacientes adultos e reduzindo-os ao estado infantil. (...) Foi esta a idéia que atraiu a atenção da CIA, a de induzir deliberadamente uma regressão extrema.


Você falou do Chile, falemos do Iraque da privatização da guerra no Iraque - O governo iraquiano anulou a licença da companhia de segurança estadunidense Blackwater.
Esta é uma notícia extraordinária. Quero dizer, é a primeira vez que uma dessas firmas mercenárias é realmente considerada responsável. Como escreveu Jeremy Scahill em seu incrível livro ‘Blackwater: The Rise of the [Word´s] Most Powerful Mercenary Army’, o verdadeiro problema é que nunca houve processos. Essas companhias trabalham em uma ‘zona cinzenta’, ou são boy scouts e nada lhes acontecia. (...) Isso significa que se o governo iraquiano realmente expulsar Blackwater do Iraque, poderia ser um fato e tanto para submeter essas companhias à lei e questionar toda premissa de porque até agora se permitiu que se tivesse lugar este nível de privatização e de ilegalidade.

(...) Algo em que eu penso pela pesquisa que eu fiz para o livro No Logo se entrecruza com esta etapa do capitalismo do desastre em que estamos metidos agora. Rumsfeld [ex-Secretário de Defesa de Bush] aproveitou a revolução de percepção das marcas dos anos noventa, na qual a projeção de marcas corporativas – no sentido do que descrevo em No Logo – em que essas companhias deixaram de produzir produtos e anunciaram que já não produziam produtos, mas produziam marcas, produziam imagens e deixam que outros, terceirizados, façam o trabalho sujo de fabricar as coisas. E essa foi a espécie de revolução na sub-contratação e esse foi o paradigma da corporação ‘vazia’.

Rumsfeld se encaixa nessa tradição. E quando se tornou Secretário de Defesa, agiu como age um novo executivo da nova economia que se viu na tarefa de reestruturações radicais. Mas, o que fez foi adotar essa filosofia da revolução no mundo corporativo e aplicá-la à forças-armadas. (...) essencialmente o papel do exército é criar a percepção de marca, é comercializar, é projetar a imagem de força e dominação no globo – porém sub-contratando cada função, da atenção à saúde – administrando a atenção de saúde aos soldados – à construção de bases militares, que já estava acontecendo durante o governo de Clinton, ao papel que Blackwater desempenha e companhias como DynCorp, que como se sabe, destacou Jeremy, participam realmente em combates.


Comente a destruição do Iraque, do ‘Choque e Pavor’, da terapia econômica do choque de Paul Bremer, o choque da tortura, assim como a junção de todas essas coisas no Iraque.
Como já disse, no Chile, vimos esta fórmula do triplo choque. E eu penso que vemos a mesma fórmula do triplo choque no Iraque. Primeiro foi a invasão, a invasão militar de ‘choque e pavor’ – muitas pessoas pensam no tema apenas como se tratasse de um montão de bombas, um montão de mísseis, mas é realmente uma doutrina psicológica que em si é um crime de guerra, porque se diz que na primeira Guerra do Golfo, o objetivo foi atacar a infraestrutura de Sadam, mas sob uma campanha de ‘choque e pavor’, o objetivo é a sociedade em escala maior. È um princípio da doutrina ‘choque e pavor’.

Agora, o ataque de sociedades em escala maior é castigo coletivo, o que constitui crime de guerra. Não é permitido que os exércitos ataquem às sociedades em escala maior, apenas é permitido que ataquem os exércitos. A doutrina é verdadeiramente surpreendente, porque fala de privação sensorial em escala massiva. Fala de cegar, de cortar os sentidos de toda uma população. E o que vimos durante a invasão, o apagão de luzes, o corte de toda a comunicação, o emudecimento dos telefones e logos os saques, que não acredito que façam parte da estratégia, mas imagino que não fazer nada faz parte da estratégia, porque sabemos que houve uma série de advertências que falava em proteger os museus, as bibliotecas e nada se fez. E depois temos a famosa declaração de Donald Rumsfeld quando foi confrontado com este fato: “Essas coisas passam”.

(...) O objetivo, usando a famosa frase do colunista do New York Times, Thomas Friedman, não é o de construir a nação, mas sim “criar a nação”, que é uma idéia extraordinariamente violenta.


Nova Órleans?

Nova Órleans é um exemplo clássico do que eu chamo de doutrina do choque do capitalismo do desastre porque houve um primeiro choque que foi o alagamento da cidade. E como se sabe, não foi um desastre natural. E a grande ironia do caso é que realmente foi um desastre dessa mesma ideologia de que estávamos falando, o abandono sistemático da esfera pública. Eu penso que cada vez mais vamos ver acontecimentos assim. Quando se têm vinte e cinco anos de contínuo abandono da infra-estrutura pública e do esqueleto do Estado – o sistema de transporte, as estradas, os diques. A sociedade de engenheiros civis estadunidense calculou que colocar em condições o esqueleto do Estado custaria 1,5 bilhões de dólares. Portanto, o que temos é uma espécie de tormenta perfeita, na qual o debilitado Estado frágil se entrecruza com um clima cada vez pior, que diria que também faz parte desse mesmo frenesi ideológico em busca de benefícios a curto prazo e crescimento a curto prazo. E quando estes dois entram em coalizão, vem um desastre. É o que ocorreu em Nova Órleans.

O que a mais horrorizou ao pesquisar a doutrina do choque?
Horrorizou-me o fato que se tem por aí muita literatura que eu não sabia que existia e que os economistas a admitem. Uma quantidade de citações de propugnadores da economia de livre-mercado, todos desde Milton Friedman a John Williamson, que é o homem que cunhou a frase ‘Consenso de Washington’, admitindo entre eles, não em público, mas sim entre eles, como em documentos tecnocráticos, que nunca conseguiram impor uma cirurgia radical do livre-mercado se não acontece uma crise em grande escala, ou seja, as mesmas pessoas que propugnam que o mito central da nossa época, que a democracia e o capitalismo caminho juntos, sabe que se trata de uma mentira e o admitem por escrito.


Leia o livro traduzido, em formato PDF:
http://www.smartbook.pt/uploads/book_files/50.pdf


Livre transcrição do vídeo

PARTE 01/09

O que nos mantém orientados, alertas e fora de choque é a nossa História.

A história começa em 1 de junho de 1951, Montreal, estudos sobre os efeitos da privação sensorial, realizados na Universidade McGill, patrocinados pela CIA.

Dr Donald Hebb
"A privação sensorial é uma forma de produzir monotonia extrema. causa a perda da capacidade crítica, o pensamento fica menos claro, os pacientes queixam-se de que não conseguem sonhar. Quando nem universitários podem sonhar, as coisas ficam difíceis.
Durante as nossas experiências, comecei a pensar que é possível, que o desconforto físico, ou mesmo a dor sejam mais toleráveis do que as condições de privação que estudamos. “Não fazia idéia quando propus de que isso poderia ser uma arma potencialmente perigosa.”

(Dr. Ewen Cameron,
ambicioso chefe de psiquiatria, continuou as pesquisas após Dr. Hebb ter deixado o projeto.)

"Ele fez bem mais do que nós fizemos. Fizemos o nosso trabalho sabendo que os pacientes podiam sair quando quisessem, e alguns saíram."

(Os pacientes de Cameron não tiveram a mesma sorte. O Instituto Memorial Allan, onde ele trabalhou, começou a parecer uma prisão macabra, onde Cameron realizava experiências bizarras com os seus pacientes da psiquiatria. Cameron queria apagar a mente dos seus pacientes para que pudesse reconstruí-la a partir do zero.)

Janine Huard,
era uma jovem mãe de 4 filhos, que sofria de depressão pós-natal.
" Estremecia quando me diziam: 'Amanhã você sofrerá terapia de choque'. Estremecia. Eu tinha muito medo. Acordava noutro quarto, confusa, triste. Eu ficava muito triste depois. Éramos Zombies perambulando." ( Cameron combinava a terapia de choque com a terapia do sono repetindo mensagens gravadas.) Dizia: "Janine, Janine, você está fugindo das suas responsabilidades. Você não quer cuidar do seu marido e filhos. Repetidamente. ( Parece que ela estava sendo interrogada?) Sim. Um interrogatório, mas com que propósito?"

Não demorou para a CIA pôr em prática a pesquisa de Cameron. Muitas de suas técnicas aparecem no manual Kubark de interrogatório de contra-inteligência da CIA.

Estes trechos são do manual:
" É uma hipótese fundamental deste manual que estas técnicas são métodos de indução de regressão da personalidade. Há um intervalo que pode ser muito curto, de animação suspensa, uma espécie de choque psicológico ou paralisia. Interrogadores experientes reconhecem quando surgem esses sintomas. Sabem que nesse instante, a "fonte" é mais suscetível a sugestionamento, mais propensa a cooperar que antes de receber o choque."

O OUTRO DOUTOR CHOQUE

Na mesma época que Ewen Cameron, fazia suas experiências em Montreal, um expoente de outro tipo de choque trabalhava não muito distante.

Milton Friedman,
lecionava Economia na Universidade de Chicago.
Ele acreditava que a terapia de choque econômico poderia estimular sociedades a aceitar uma forma mais pura de capitalismo desregulado.

Em Outubro de 2008, no meio da maior crise financeira desde 1929, Naomi Klein foi à Universidade de Chicago, para falar sobre Milton Friedman.

"Quando Milton Friedman completou 90 anos, o governo Bush organizou-lhe uma festa de aniversário. Todos fizeram discursos, incluindo George Bush. Mas o melhor discurso foi o de Donaldo Rumsfeld. A minha frase favorita do discurso de Rumsfeld é a seguinte: ' Milton é a personificação da verdade de que as idéias têm conseqüências." O que eu quero sustentar aqui, é que o caos econômico que vemos em Wall Street, nas ruas e em Washington deve-se a muitos fatores, claro, mas dentre eles, estão as idéias de Milton Friedman."

(A quebra de Wall Street de 1929 levou à Grande Depressão dos anos 30. No cerne da tese de Friedman, estava sua oposição ao New Deal, anunciado pelo presidente Roosevelt no seu discurso de posse.

“A nossa principal atribuição é pôr o povo para trabalhar. Não é um problema insolúvel, se o enfrentarmos com sabedoria e coragem. Gostaria de salientar que a única coisa que temos a temer é o próprio medo."

Influenciado pelo economista John Maynard Keynes, Roosevelt iniciou um programa de emprego público para que as pessoas voltassem a trabalhar.

" Hoje, a recessão é uma lembrança distante. Milhões de homens e mulheres encontram emprego e com ele a confiança e a esperança."

Não foi assim tão simples. A recessão durou até a II Guerra Mundial. Após a guerra, o Plano Marshall disseminou na Europa o modelo keynesiano de regulação pública e intervencionismo. Os seus princípios eram amplamente aceitos. (Mas não no Departamento de Economia da Universidade de Chicago.)

“Milton Frieldman a partir desta universidade, declarou guerra ao New Deal."

(Friedman era membro de um grupo, a Sociedade Monte Pèlerin, liderada pelo economista austríaco Friedrich von Hayek. Eles acreditavam que se o governo parasse de prover serviços e regular os mercados, a economia corrigir-se-ia sozinha. Nos anos 50. eles foram considerados loucos. Mas nos últimos 30 anos, as suas idéias tornaram-se a doutrina econômica dominante.)

“A tese da 'Doutrina de Choque' é que nos venderam como um conto de fadas sobre como essas políticas radicais dominaram o mundo. Elas não dominaram o mundo na esteira da liberdade e democracia, mas precisaram de choques, precisaram de crises e estados de emergência. Milton Friedman compreendia a utilidade da crise.” Só uma crise, real ou pressentida, produz verdadeira mudança. “Quando a crise acontece, as ações que são tomadas dependem das idéias à disposião.”

O PRIMEIRO TESTE: CHILE

Foi no Chile que os discípulos de Friedman aprenderam a explorar um choque ou crise em larga escala.

"Geralmente, as versões oficiais do neoliberalismo, os divulgadores oficiais, nem sequer mencionam o Chile. Começam a história com Thatcher e Reagan porque assim é mais lisonjeiro."

Nos anos 50 e 60, a política desenvolvimentista progressiva do Chile era um exemplo para a região. O governo investia na saúde, educação e indústria. As empresas americanas estavam preocupadas que os seus investimentos fossem afetados. Em resposta, o Departamento de Estado dos EUA começou a oferecer bolsas aos estudantes do Chile e America do Sul para estudar economia livre de mercado com Milton Friedman.
"A Universidade de Chicago tinha intercâmbio com a Universidade Católica do Chile, por meio do qual muitos alunos chilenos vieram a Chicago onde foram educados por nós e receberam doutoramento."

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Morreu Steve Jobs - Homenagem na sede Apple


Link para baixar a Biografia de Steve Jobs por Walter Isaacson

O jeito mais simples e rápido de ler um ePub na tela do PC é instalando a extensão EPUBReader para o Firefox. Gratuito, ele é leve e não tem nenhuma frescura. Basta abrir o arquivo e começar a ler.


A primeira pessoa na fila para comprar o iPhone 4S, nesta sexta-feira (14), nos EUA, tinha um rosto bem familiar. Steve Wozniak, cofundador da Apple, chegou ainda na tarde de quinta-feira na loja da companhia em Los Gatos, Califórnia.
Wozniak sabe que com apenas um telefonema ele poderia conseguir um aparelho, sem precisar entrar na fila. "Mas quero esperar pelo meu iPhone junto a milhões de outros fãs", disse.



Ele falou ainda que não costuma perguntar sobre produtos em desenvolvimento na empresa para não estragar as surpresas e novidades dos novos dispositivos.
Para passar o tempo, Woz, como é conhecido, navegava na internet com um iPad branco --quando não estava ocupado conversando e dando autógrafos para fãs que o reconheciam.
O iPhone 4S comprado em Los Gatos foi para a esposa de Woz --outros dois do mesmo modelo já tinham sido encomendados para ele próprio.


Elogio da irmã de Steve
tradução: Rosana Hermann

By MONA SIMPSON
Published: October 30, 2011

Fui criada como filha única de mãe solteira. Por sermos pobres e por saber que meu pai era um imigrante sírio, eu imaginava que fosse parecido com Omar Sharif.  Eu sonhava que ele era rico e bondoso e que entraria em nossa vida (e no nosso apartamento ainda sem mobília) para nos ajudar. Mais tarde, depois que conheci meu pai, tentei acreditar que ele havia mudado de telefone sem deixar um endereço de contato porque era um revolucionário idealista, arquitetando um novo mundo para o povo árabe.

Mesmo sendo feminista, passei a vida inteira esperando um homem para amar, um homem que pudesse me amar também. Durante décadas pensei que esse homem seria meu pai. Aos 25 anos eu encontrei esse homem e ele era meu irmão.

Nessa época eu morava em Nova York e estava tentando escrever meu primeiro romance. Eu tinha um emprego numa pequena revista, um escritório que tinha o tamanho de um closet, com mais três aspirantes a escritor. No dia que um advogado ligou para mim – eu, uma garota de classe média da Califórnia que infernizava o patrão para nos dar seguro saúde – e disse que seu cliente rico e famoso era meu irmão desaparecido há muitos anos, o editor mais jovem enlouqueceu. Estávamos em 1985 e trabalhávamos numa revista de vanguarda, mas eu havia caído num enredo de um romance de Charles Dickens e, de fato, era disso que a gente mais gostava.

O advogado se recusou a me dizer o nome de meu irmão e meus colegas começaram uma rodada de apostas. O principal candidato: John Travolta. Eu desejava secretamente que fosse um descendente literário de Henry James – alguém com mais talento que eu, alguém que fosse naturalmente brilhante.
Quando conheci Steve, ele era um cara da minha idade e de jeans, com aparência de árabe ou judeu e mais bonito do que o Omar Sharif.
Fizemos uma longa caminhada – algo que, por acaso, nós dois gostávamos muito de fazer. Não me lembro bem o que conversamos naquele primeiro dia, só sei que ele parecia alguém que eu tinha escolhido para ser meu amigo. E me contou que trabalhava com computadores.
Eu não sabia muito sobre computadores. Eu ainda trabalhava numa máquina de escrever manual da Olivetti.
Eu disse para Steve que recentemente eu estava considerando a possibilidade de comprar um computador: algo chamado Cromemco.
Steve disse que era melhor eu esperar um pouco. Que estava construindo algo que seria incrivelmente lindo.
Eu quero contar algumas coisas que aprendi com Steve, durante três períodos distintos, ao longo dos 27 anos que convivi com ele. Não são períodos de anos, mas de estados de existência. Sua vida inteira. Sua doença. Sua morte.
Steve trabalhava com aquilo que ele amava. Ele trabalhava muito. Todos os dias.
É uma coisa incrivelmente simples, mas verdadeira.
Ele era o oposto de distraído.
Steve unca se envergonhou de trabalhar duro, mesmo quando os resultados eram fracassos. Se uma pessoa inteligente como Steve não tinha vergonha de experimentar, talvez eu também não devesse me envergonhar disso.
Quando foi demitido da Apple, foi muito doloroso. Ele me contou sobre um jantar em que 500 líderes do Silicon Valley encontraram o então presidente em exercício. Steve não foi convidado.
Ele estava magoado, mas continuou indo trabalhar na Next. Todos os dias.
A novidade não era o valor mais importante para Steve. A beleza era.

Para um inovador Steve era incrivelmente leal. Se ele gostava de uma camisa, ele encomendava de 10 a 100 delas. Na casa em Palo Alto o número de camisetas pretas de algodão e gola alta deve ser suficiente para  todas as pessoas aqui nessa igreja.
Ele não dava importância para tendências ou truques. E gostava de pessoas da sua idade.
Sua filosofia estética me faz lembrar de uma frase que eu li e que era mais ou menos assim:”Moda é aquilo que parece lindo agora mas se torna feio depois; arte é o que pode parecer feio agora mas se torna lindo depois”.
Steve sempre quis a beleza depois.
Ele estava pronto para ser incompreendido.
Depois de não ser convidado para a festa, ele dirigiu o terceiro ou quarto carro esporte preto para a Next, onde ele e sua equipe estavam silenciosamente inventando a plataforma que permitiria que  Tim Berners-Lee criasse a World Wide Web.
Steve era como uma garotinha quando falava sobre o amor. O amor era sua virtude suprema, seu deus dos deuses.  Ele acompanhava e se preocupava com a vida amorosa das pessoas que trabalhavam com ele.

Quando ele via um homem que poderia parecer arrebatador para uma mulher, ligava pra ele e perguntava: “Ei, você é solteiro? Você quer vir jantar comigo e com minha irmã?”
Eu me lembro quando ele me ligou no dia em que conheceu Laurene. “Então, tem essa mulher linda e ela é muito inteligente e  tem um cachorro e eu vou me casar com ela.”
Quando Reed nasceu, ele começou um novo fluxo que nunca mais parou. Ele era um pai físico, com cada um de seus filhos. Ele se preocupava com os namorados de Lisa , com as viagens e o tamanho das saias de Erin e com a segurança de Eve junto aos cavalos que ela adorava.
Nenhum de nós que esteve na festa de formatura de Reed vai esquecer a cena de Reed e Steve dançando juntos uma música lenta.

Seu amor extremo por Laurene o sustentava. Ele acreditava que o amor acontecia o tempo todo, em todo lugar. Dessa forma tão importante, Steve nunca foi irônico, nunca foi cínico, nunca foi pessimita. Eu ainda tento aprender tudo isso.
Steve se tornou um sucesso ainda jovem e sentia que isso o isolou. A maioria das escolhas que fez a partir de quando eu o conheci foram projetadas para dissolver as paredes em torno dele. Um garoto de classe média de Los Altos, ele se apaixonou por uma garota de classe-média de New Jersey. Era importante para os dois cuidar de Lisa, Reed, Erin e Eve com os pés no chão, como crianças normais. A casa deles não intimidava ninguém com excesso de arte ou brilho; na verdade, durante os primeiros anos em que convivi com Steve e Lo juntos, o jantar era servido na grama e às vezes consistia de um único vegetal. Muito desse único vegetal.  Apenas um. Brócoli. Da estação. Preparado de forma simples. Apenas com o tempero recém colhido.
Mesmo quando já era um jovem milionário Steve sempre foi me buscar no aeroporto. Lá estaria ele em pé, em suas calças jeans.
Quando um membro da família ligava para ele no trabalho, sua secretária Linetta respondia: “seu pai está numa reunião. Você quer que eu o interrompa?”
Quando Reed insistia em se vestir de bruxa a cada Halloween, Steve, Laurene, Erin e Eve, todos aderiam.
Uma vez eles resolveram reformar a cozinha; levou anos. Eles cozinhavam num fogareiro na garagem. O prédio da Pixar, em reforma no mesmo período, foi construído em metade do tempo. E isso é tudo sobre a casa de Palo Alto. Os banheiros continuaram antigos. Mas – e isso faz toda diferença – ela havia sido uma ótima casa para começar a vida; Steve garantiu que isso fosse assim.
Isso não quer dizer que ele não desfrutou do seu sucesso: ele gostava muito de viver seu sucesso, só que com alguns zeros a menos. Ele me disse que adorava ir às lojas de bicicletas de Palo Alto e perceber que ele poderia comprar a melhor bicicleta da loja.
E assim ele fez.
Steve era humilde. Steve gostava de aprender sempre.
Uma vez ele me disse que se tivesse sido criado de forma diferente, ele teria se tornado um matemático. Ele falava com reverência sobre as faculdades e adorava andar em volta do campus de Stanford. No último ano de sua vida ele estudou um livro de pinturas de Mark Rothko, um artista que ele não havia conhecido até então, pensando no que poderia inspirar as pessoas nas paredes de um futuro campus da Apple.
Steve era refinado . Que outro CEO conhece a história dos chás de rosas Ingleses e Chineses e tem uma rosa favorita David Austin?
Ele tinha surpresas em seus bolsos. Garanto que Laurene vai descobrir algumas delas – músicas que ele amava, um poema que ele recortou e guardou numa gaveta, - mesmo depois de vinte anos de um casamento vivido a dois o tempo todo. Eu falava com ele dia sim, dia não, mas quando eu abri o New York Times e vi uma nova característica da empresa, eu fiquei surpresa e maravilhada ao ver o esboço de uma escada perfeita.
Com seus quatro filhos, sua mulher, com todos nós, Steve se divertiu muito.
Ele valorizava a felicidade.
E então ele ficou doente e vimos sua vida de comprimir para um círculo muito pequeno. Ele que adorava andar por Paris. Que havia descoberto uma lojinha que fazia macarrão artesanal em Kyoto. Que esquiava graciosamente montanha abaixo. E esquiava mal no cross-country. Nunca mais.
Com o tempo, até mesmo pequenos prazeres como um bom pêssego não mais o atraíam.
E, no entando, o que me surpreendia e que foi o que aprendi a partir de sua doença, era o quanto ainda havia depois que tudo foi tirado dele.
Lembro de meu irmão aprendendo a andar novamente. Depois de seu transplante de fígado, uma vez por dia ele ficava em pé, apoiado sobre pernas que pareciam finas demais para sustentá-lo, os braços encaixados no encosto da cadeira. Ele andava com aquela cadeira pelos corredores do Hospital Memphis até a sala das enfermeiras e depois sentava um pouco sobre a cadeira, descansava, dava a volta e começava a andar novamente. Ele contava seus passos e, a cada dia, tentava ir um pouco além.
Laurene se ajoelhava e olhava dentro dos olhos dele.
“Você consegue, Steve”, ela dizia. Os olhos deles se abriam. Seus lábios se apertavam.
Ele tentou. Ele sempre, sempre tentou e sempre com muito amor no âmago de cada tentativa. Ele era um homem intensamente emocional.
Eu percebi durante esse período aterrorizante que Steve não estava suportando a dor por si mesmo. Ele tinha objetivos: a formatura de seu filho Steve, a viagem de sua filha Erin para Kyoto, o lançamento de um barco que ele estava construindo e no qual pretendia levar sua família para uma volta ao mundo e com o qual viajaria com Laurene quando ele se aposentasse.
Mesmo doente, seu gosto, seu julgamento e discernimento se mantiveram. Ele teve 67 enfermeiros até encontrar os profissionais ideias nos quais ele confiava totalmente, os três que ficaram com ele até o final. Tracy. Arturo. Elham.
Uma vez, quando Steve havia contraído uma pneumonia insistente, seu médico proibiu tudo – até gelo. Estávamos numa UTI padrão. Steve, que não gostava de furar fila ou ter privilégios através de seu nome, confessou que nessa única ocasião, gostaria de ter um tratament especial.
Eu disse a ele: Steve, esse é um tratamento especial.
Ele chegou perto de mim e disse: “eu quero que seja um pouquinho mais especial.”
Entubado, quando ele já não podia mais falar, ele pediu um bloco de notas. E desenhou alguns aparelhos para sustentar um iPad numa cama de hospital. Ele desenhou monitores fluidos e equipamentos de raios-X. Ele redesenhou aquela unidade de tratamento não suficientemente especial. E toda vez que sua mulher entrava naquela sala, eu via um sorriso se redesenhar em seu rosto.
As coisas mais importantes, importantes mesmo, acredite, ele escrevia em seu caderno. Ele queria mais. É assim que tem que ser.
Com isso tudo ele queria que desobedecêssemos os médicos e déssemos um pedaço de gelo para ele.
Nenhum de nós sabe ao certo por quanto tempo ainda vamos estar aqui. Nos melhores dias de Steve, mesmo no último ano, ele embarcou em projetos e cobrou promessas de seus amigos da Apple para que fossem levados até o fim. Alguns construtores de barcos da Holanda tem um uma linda carcaça de aço inoxidável para ser coberta com madeira.  Suas três filhas continuam solteiras, as duas mais novas ainda jovens, e ele queria entrar na Igreja com elas da mesma forma que ele me conduziu no dia do meu casamento.
Todos nós, no final, morremos no meio do caminho. No meio de uma história. Ou de muitas histórias.
Eu acho que não é exatamente correto dizer que a morte de uma pessoa que conviveu durante anos com um câncer foi uma morte inesperada. Mas a morte de Steve foi inesperada para nós.
O que eu aprendi com a morte do meu irmão é que o caráter é essencial. O que ele era foi como ele morreu.
Na terça-feira pela manhã ele me ligou para pedir que eu fosse correndo para Palo Alto. Seu tom de voz era afetivo, querido, amoroso, mas parecia alguém  cujas malas já estavam amarradas ao carro, alguém que já estava no início de sua jornada, apesar dele lamentar de verdade o fato de estar nos deixando.
Ele começou sua despedida e eu o interompi. Eu disse “Espere. Eu estou chegando. Estou num táxi para o aeroporto, mas já chego”.
“Eu estou falando isso agora porque eu temo que você não consiga chegar a tempo, querida.”
Quando eu cheguei, ele e sua Laurene estavam brincando juntos, como parceiros que viveram e trabalharam juntos todos os dias de sua vida. Ele olhou para os olhos de seus filhos sem conseguir desfazer a conexão.
Até duas horas da tarde, sua esposa conseguiu fazer com que ele conversasse com seus amigos da Apple.
E então, depois de um tempo, ficou claro que ele não mais acordaria entre nós.
Sua respiração mudou. Ficou forte, deliberada, intencional. Eu podia sentí-lo contando seus passos novamente, empurrando um pouco mais além.
Foi isso que eu aprendi: ele estava trabalhando nesse projeto. A morte não foi algo que aconteceu com Steve, mas algo que ele conquistou.
Ele me disse que, quando estava se despedindo de mim e me dizendo que lamentava muito por não poder envelhecer junto comigo como havíamos planejado,  estava indo para um lugar melhor.
Dr. Fischer deu a ele uma chance de 50/50 de conseguir atravessar a noite.
Ele conseguiu sobreviver àquela noite, com Laurene a seu lado da cama, às vezes sobressaltada quando havia uma pausa maior entre suas respirações. Ela e eu nos entreolhávamos e então ele respiraria fundo e começaria novamente.
Isso tinha que acontecer. Mesmo nesse momento, ele tinha um perfil bonito, o perfil de um absolutista, um romântico. Sua respiração indicava uma jornada árdua, um caminho íngreme, altitude.
Ele parecia estar escalando.
Mas com aquela vontade, aquela ética de trabalho, aquela força, havia também aquela doce capacidade de Steve para a maravilha, a crença do artista no ideal, no fato de que haveria mais beleza depois.
As palavras de Steve, horas antes, foram monossilábicas, repetidas três vezes.
Andes de embarcar, ele olhou para sua irmã adotiva Patty, depois um bom tempo para seus filhos, depois para sua companheira de vida Laurene e então por cima dos seus ombros, além de todos eles.
As palavras finais de Steve foram:
OH WOW. OH WOW. OH WOW.


Mona Simpson é escritora e professor de Inglês na Universidade da Califórnia, Los Angeles. Ela leu essa eulogia para seu irmão, Steve Jobs, no dia 16 de outubro durante a cerimônia póstuma realizada na Memorial Church da Universidade de Stanford.


Homenagem na sede da Apple



A Apple divulgou no domingo (23) o vídeo da homenagem feita a Steve Jobs na sede da Apple, em Cupertino, em 19 de outubro. O vídeo, intitulado “Celebrating Steve” ("Celebrando Steve", em português), foi publicado na página oficial da Apple e só está acessível para usuários que acessarem o conteúdo por meio do sistema operacional Snow Leopard ou Lion e no iPhone ou iPad com sistema a partir do iOS 3. No Windows, embora apresente compatibilidade com o programa Quicktime, o vídeo pode não estar disponível para todas as regiões.

As imagens mostram todos os discursos do evento de quarta-feira, que não foi aberto ao público. Tim Cook, novo presidente-executivo da empresa, fez um discurso durante a homenagem na Califórnia, que teve a presença da viúva de Jobs, Laurene Powell Jobs, na plateia.

Laurene Jobs, viúva do cofundador da Apple, esteve na homenagem no campus da Apple (Foto: Reprodução)

Cook recebeu emocionado os funcionários da Apple, comentando que muitos outros ao redor do mundo assistiam a homenagem por meio de vídeo. "As últimas duas semanas da minha vida foram as mais tristes que já tive na vida. Mas reunimos toda a companhia aqui para celebrarmos sua vida extraordinária e suas conquistas ao longo de sua trajetória", disse Cook. "Pessoas ao redor do mundo estão sentido sua morte. As pessoas o chamam de 'visionário', de original, de gênio, de o maior inventor da nossa época. Ele tinha a curiosidade de uma criança e uma mente de um gênio. Tudo isso estava em um homem".


Campus da Apple ficou lotado em homenagem
(Foto: Reprodução)

O atual CEO da Apple disse no discurso que o último conselho de Jobs antes de morrer para ele foi: "'Nunca pergunte o que eu faria', disse ele. 'Faça apenas o que é certo'. Ele me contou que a Disney, depois da morte de Walt Disney, ficou paralisada tempo demais, se perguntando se o criador gostaria do trabalho que estavam fazendo, e ele não queria isso para a Apple".

Ele também citou frases de Jobs como "fazer o simples pode ser mais difícil do que fazer o complexo; você deve pensar mais para tornar as coisas simples".
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Antes de pedir um minuto de silêncio, o executivo solicitou que fosse tocado a narração de Jobs na propaganda da empresa chamada "Crazy Ones", que foi originalmente ao ar narrada pelo ator Richard Dreyfus. O momento foi de muita emoção para Cook e os funcionários da empresa. "Steve teria adorado isto", disse.


“Isto é para os loucos. Os desajustados. Os rebeldes. Os criadores de caso. Os que são peças redondas nos buracos quadrados. Os que veem as coisas de forma diferente. Eles não gostam de regras. E eles não têm nenhum respeito pelo status quo. Você pode citá-los, discordar deles, glorificá-los ou difamá-los. Mas a única coisa que você não pode fazer é ignorá-los. Porque eles mudam as coisas. Eles empurram a raça humana para frente. Enquanto alguns os veem como loucos, nós vemos gênios. Porque as pessoas que são loucas o suficiente para achar que podem mudar o mundo são as que, de fato, mudam.”

Leia mais em: http://www.tecmundo.com.br/steve-jobs/14075-confira-versao-de-comercial-da-apple-narrada-por-steve-jobs.htm#ixzz1bjl5SqCv




Bill Campbell, empresário que trabalhou com Jobs na Apple na criação do Mac na década de 1980 e atual presidente da mesa de diretores da Apple, falou sobre seu tempo com o cofindador da empresa e afirmou que Jobs o desafiava todos os dias.



O ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, que também faz parte da mesa de diretores, discursou sobre Jobs na homenagem.



Jonathan Ive, vice-presidente de design da Apple, a quem Jobs considerou "parceiro espitirual", também falou para os funcionários da empresa.

Jonathan Ive, vice-presidente de design da Apple, responsável pela aparência do iPad, do iPhone e do MacBook, teria recebido de Steve Jobs total liberdade para criar o que desejasse dentro da empresa.


Ele contou para Walter Isaacson, autor da biografia, que o chefe de design tinha "mais poder operacional" do que qualquer outro funcionário dentro da companhia.
"Não existe ninguém na empresa que pode dizer o que Ive deve fazer", diz trecho do livro. "Foi assim que eu quis".
Jonathan Ive já está na Apple há mais de 20 anos e há 15 é chefe de design na companhia. Ele é o responsável pelos projetos que dão forma ao iPad, iPhone e dos Macs que foram lançados durante estes anos no mercado.

O time de Ive trabalha em um laboratório que consegue ter os segredos dos produtos muito bem guardados do resto do campus da Apple em Cupertino, na Califórnia, onde ele tem autonomia para suas criações. Esta liberdade lhe foi dada após o desenvolvimento de diversos produtos de sucesso. E, enquanto seus produtos mesclam com a área de engenharia da Apple, sob o comando de Bob Mansfield, fica claro pelas afirmações de Jobs que Ive era livre para criar suas próprias soluções de design na companhia.


A homenagem ainda teve apresentações musicais do grupo britânico Coldplay

Chris Martin toca a canção 'Fix You' em homenagem a Steve Jobs (Foto: Reprodução)


Chris Martin, vocalista do Coldplay, interpreta solo ao piano “Viva la Vida”, após palestra de Steve Jobs, em evento de 2010. Antes, conta que a canção ficou meses desprezada pela gravadora que acreditava que ela não seria um sucesso até que a Apple a escolheu para um comercial. Ai, ele brinca: o que prova que o pessoal de marketing aqui pode vender qualquer coisa.

 Norah Jones cantou durante homenagem a Jobs (Foto: Reprodução)
Ela cantou "Forever Young", canção do compositor Bob Dylan, um dos ídolos de Jobs.


Público escuta discurso de Cook em homenagem a Steve Jobs (Foto: Reprodução)




Eu costumava dominar o mundo
Mares se agitavam ao meu comando
Agora, pela manhã, durmo sozinho
Varro as ruas que costumava possuir

Eu costumava jogar os dados
Sentia o medo nos olhos dos meus inimigos
Ouvia como o povo cantava:
"Agora o velho rei está morto!
Vida longa ao rei!"

Um minuto eu detinha a chave
Depois as paredes se fechavam em mim
E percebi que meu castelo estava erguido
Sobre pilares de sal e pilares de areia

Eu ouço os sinos de Jerusalém tocando
Os corais da cavalaria romana cantando
Seja meu espelho, minha espada e escudo
Meus missionários em uma terra estrangeira
Por um motivo que eu não sei explicar
Quando você se foi não havia
Não havia uma palavra honesta
Era assim, quando eu dominava o mundo

Foi o terrível e selvagem vento
Que derrubou as portas para que eu entrasse
Janelas destruídas e o som de tambores
O povo não poderia acreditar no que me tornei

Revolucionários esperam
Pela minha cabeça em um prato de prata
Apenas uma marionete em uma solitária corda
Oh, quem realmente ia querer ser rei?

Eu ouço os sinos de Jerusalém tocando
Os corais da cavalaria romana cantando
Seja meu espelho, minha espada e escudo
Meus missionários em uma terra estrangeira
Por um motivo que eu não sei explicar
Eu sei que São Pedro não chamará meu nome
Nunca uma palavra honesta
Mas, isso foi quando eu dominava o mundo

Eu ouço os sinos de Jerusalém tocando
Os corais da cavalaria romana cantando
Seja meu espelho, minha espada e escudo
Meus missionários em uma terra estrangeira
Por um motivo que eu não sei explicar
Eu sei que São Pedro chamará meu nome
Nunca uma palavra honesta
Mas, isso foi quando eu dominava o mundo


Steve Jobs apresenta o comercial "1984" (The "1984" Ad Introduction)


The Lost 1984 Video: young Steve Jobs introduces the Macintosh