quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Doutrina de choque nas favelas do Rio?


O mundo está em choque. Os países da Europa pedindo dinheiro. Os países Islâmicos derrubando ditadores. O Japão abalado com desastres naturais e atômicos. Estados Unidos em crise. E o Brasil crescendo e sendo reconhecido com uma grande potência. No Rio de Janeiro as UPP´s prometem trazer paz . Tem alguma coisa muito errada que eu não sei o quê é, mas sinto o perigo no ar.

Quando assisti o vídeo da Naomi Klein sobre a "Doutrina de Choque", e publiquei aqui e aqui, aprendi que os governos adoram uma crise para empurrar o que eles querem na goela do povo. Aprendi que quando a crise não vem naturalmente, o governo até inventa uma motivo para fazer uma crise. Aprendi que só os ricos ganham muito com as crises e o povo fica cada vez mais pobre.

Hoje levei mais um choque na minha cabeça lendo esta reportagem. Será que a especulação imobiliária está por traz de todo esse movimento de pacificação das favelas? O tráfico, a corrupção da polícia e dos políticos, a violência, a Copa e as Olimpíadas, são apenas fachada para justificar o choque e prover o enriquecimento de alguns? Como somos manipulados e indefesos. Quem poderá nos defender? O Chapolin Colorado?


Especulação imobiliária
A edição deste domingo – dia da consciência negra – de O Estado de São Paulo traz, em dois textos, elementos que podem ajudar a aprofundarmos o olhar sobre a situação. Na reportagem”Regularização de favelas é a maior da história do Rio“, o jornal nos mostra como junto com a “pacificação” (interessante esta paz trazida por blindados da Marinha e que regula e oprime comportamentos, horários e até orientação sexual de moradores, como já foi denunciado) de determinados morros do Rio se dá um aceleramento da regularização dos títulos de propriedade dos moradores destas zonas invariavelmente ocupadas ilegalmente.
Motivação absolutamente compreensível por parte dos moradores, que querem ter legal aquilo que já é seu, a regularização destas propriedades traz consigo os olhares sedentos da especulação imobiliária, que agora tem interesse nestas zonas da cidade anteriormente sem utilidade mercadológica, e que ainda por cima se valorizaram com a “chegada do Estado” e toda a campanha midiática de legitimação realizada em seu entorno, e também por obras do PAC (Programa de Aceleração ao Crescimento) do governo federal.
Como Chico de Oliveira sempre demonstrou, a moradia irregular nos centros urbanos teve papel importante na consolidação do capitalismo brasileiro, permitindo que os salários necessários para a reprodução dos trabalhadores fossem o menor possível. Hoje, no entanto, cada vez mais trabalhadores e mesmo membros do “exército de reserva” são convertidos em “populações excedentes/ consumidores falhos” ou “sujeitos monetários sem dinheiro”, se preferirmos as classificações de Zygmunt Baumman ou Roberto Schwarz, respectivamente, e a estes não cabe lugar nenhum no ordenamento social atual, geralmente conhecido como neoliberalismo. E mesmo aos “incluídos” não podem mais serem destinadas as áreas de dentro das cidades, somente periferias cada vez mais distantes, por conta ou de uma classe média eternamente endividada que pode investir em imóveis ou de investimentos mais luxuosos.
“A valorização da área é natural. A remoção branca (sem uso de força) é inevitável”, diz Luiz Antonio Machado, pesquisador ouvido pela reportagem, que diz ter receio da expulsão das atuais populações das favelas pela força do dinheiro. “Sei que é polêmico, mas era melhor não mexer nessa casa de marimbondos”, afirma nas parcas linhas que lhe são concedidas. Já o economista Paulo Rabelo de Castro, defensor dos títulos propriedade utilizado como “outro lado” na matéria da edição impressa, não vê mal nenhum que os morros, por sua ótima localização, sejam convertidos por exemplo em hotéis de luxo – “qual o problema?” ele questiona.
Assim como no projeto da Nova Luz (muito bem retratado por reportagem especial do Brasil de Fato) por trás do suposto combate ao crack há a sombra dos mesmos interesses imobiliários que financiam boa parte dos políticos brasileiros, também no caso das UPP’s a palavra especulação parece ter preponderância sobre o fantasma da “droga”.
Modificação na estrutura do tráfico
Outro elemento nos traz o sociólogo Luiz Eduardo Soares, que em artigo no caderno Aliás diz temer que a presença do “punho de ferro” do Estado – que invariavelmente acompanha a “mão livre do mercado” como lembra Loic Wacquant – apenas sirva para modernizar o comércio ilegal de drogas. Ele usa como exemplo um suposto encontro realizado em 1997 entre empresários e representantes do cartal narcotraficante de Cali, na Colômbia, que disseram ter desistido de um plano de investir no mercado carioca de psicoativos ilícitos por conta da imprevisibilidade das transações por lá.
“Calcularam custos e benefícios, e, finalmente, desistiram. Concluíram que seria inviável organizar uma estrutura de distribuição economicamente racional, em grande escala, à semelhança da rede que funcionava na Europa, abastecida por transporte marítimo, via Inglaterra. O obstáculo no Rio era o faccionalismo dos grupos armados, cuja irracionalidade era agravada pelo envolvimento policial”, relata Soares.
Em entrevista concedida à revista Caros Amigos em 2009, Nilo Batista defende que para a compreensão das políticas de segurança dos governos de Sérgio Cabral e Eduardo Paes seria fundamental analisar a diferente forma com a qual são tratados os distintos “comandos” ou facções criminais da cidade. Além dele, vez ou outra vozes se levantam afirmando haver maior incidência de operações militares em morros de determinado comando (de temidas iniciais CV), em detrimento de outros ou milícias, mas pouco se discute a respeito.
Se, mesmo com a penetração de milicianos nos poderes sendo fato inquestionável, uma atuação estatal explicitamente alinhada a determinado grupo criminoso é difícil de comprovar e pode até soar como “teoria da conspiração”, seria exagerado também supor que estaria o Estado intervindo diretamente no cenário a fim de garantir, de forma mais ou menos matizada, a depender da análise, um cenário melhor para os investimentos daqueles que realmente lucram com o comércio de drogas?
“O modelo de organização e operação do tráfico de drogas no Rio sempre foi irracional e tenderia a tornar-se insustentável. É muito caro manter controle armado e ostensivo sobre territórios e populações, dividindo lucros com policiais. Exercer esse controle exige a organização de equipes numerosas, disciplinadas, hierarquizadas, dispostas a assumir riscos extremos. Os benefícios podem ser obtidos com muito menos gastos e riscos, quando se opera com estruturas leves, adotando-se vendas por delivery ou por agentes nômades, circulando em áreas selecionadas –como ocorre nas grandes cidades dos países centrais”, analisa Soares, que depois defende o modelo das UPP’s, que para ele deve vir acompanhado de transformações profundas na polícia.
Talvez o que Soares vê como possível, e indesejada, consequência da atuação estatal baseada somente na militarização – e certamente é só a isso que ela irá se reduzir, ou alguém espera algum tipo de programa social implementado sob a liderança de Secretarias de Segurança? – possa constituir uma determinação de tais processos, uma motivação.
Por enquanto são só hipóteses, carentes de melhor desenvolvimento e “amarração”. Cabe a nós, com motivos de sobra para desconfiar do Estado brasileiro e de seus operadores e financiadores, investigar, e comprová-los ou não. Somente o fato delas não parecerem tão absurdas assim já me parece preocupante.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Sentada a beira do caminho



O Cego de Jericó - Evangelho (Lucas 18,35-43)

35 Quando Jesus se aproximava de Jericó, um cego estava sentado à beira do caminho, pedindo esmolas. 36 Ouvindo a multidão passar, ele perguntou o que estava acontecendo. 37 Disseram-lhe que Jesus Nazareno estava passando por ali. 38 Então o cego gritou: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!” 39 As pessoas que iam na frente mandavam que ele ficasse calado. Mas ele gritava mais ainda: “Filho de Davi, tem piedade de mim!”
40 Jesus parou e mandou que levassem o cego até ele. Quando o cego chegou perto, Jesus perguntou:41 “Que queres que eu faça por ti?” O cego respondeu: “Senhor, eu quero enxergar de novo”. 42 Jesus disse: “Enxerga, pois, de novo. A tua fé te salvou”. 43 No mesmo instante, o cego começou a ver de novo e seguia Jesus, glorificando a Deus. Vendo isso, todo o povo deu louvores a Deus.


terça-feira, 1 de novembro de 2011

Dia de Todos os Santos

As nuvens se aproximaram dos morros pela manhã no Rio, dando origem a belos cenários como este, fotografado pelo leitor Marcos Estrella  (O Globo).

O Cristo Redentor nas nuvens.
O Cristo Ressuscitado.
A comunhão dos Santos.
Amém!