sábado, 26 de março de 2011

FURAÇÃO KATRINA – REVELA A FRAGILIDADE DOS ESTADOS UNIDOS DA AMERICA



"Apesar de analistas terem previsto, há muito tempo, que a cidade (de Nova Orleans), que está abaixo do nível do mar e é cercada de água, enfrentaria devastação sem precedentes depois de um grande furacão, eles (as autoridades) afirmaram que os problemas foram piores devido a uma evacuação tardia e abrigos de emergência insuficientes para as cerca de 100 mil pessoas".




O Furacão Katrina foi um grande furacão, que destruiu uma parte dos EUA, uma tempestade tropical que alcançou a categoria 5 da Escala de Furacões de Saffir-Simpson (regredindo a 4 antes de chegar a costa sudeste dos Estados Unidos da América).

Furacão Katrina durante seu pico de intensidade em 28 de Agosto de 2005.

Dia 28 foi para categoria 4, no início da tarde o Katrina se intensificou rapidamente com ventos de 175 mph (281 km/h) ultrapassando o ponto de início da categoria 5 com pressão de 902 mbar, sendo o furacão mais intenso da bacia do Atlântico.

Furacão Katrina , New Orleans – EUA – 23/08/2005



Inundação

Diante da aproximação do poderoso furacão, com ventos de 240 km/h, os cerca de 1,4 milhão de habitantes do sul do Estado da Louisiana receberam a ordem para deixar suas casas, mas dezenas de milhares não quiseram ou não puderam sair e foram surpreendidos pela fúria do fenômeno.
Com o rompimento dos diques, as ondas gigantes arrancaram dos alicerces quarteirões inteiros de casas de madeira, inclusive com os moradores dentro.
Outros enfrentaram um verdadeiro drama, presos nos telhados e cercados pela cheia das águas que rapidamente chegaram às margens do Bairro Francês, centro histórico da cidade, famosa pelo jazz e pelo clima boêmio.
Homens levavam mulheres, crianças e idosos para os telhados para evitar que se afogassem. Mas no Lower Ninth Ward, a parte mais pobre da cidade, construída em uma depressão e povoada por 99% de negros, cadáveres flutuavam ao sabor das águas das cheias.

Nova Orleans debaixo de água.

Como conseqüência da tempestade, muitos problemas apareceram. Alguns dos diques que protegiam Nova Orleans não conseguiram conter as águas do Lago Pontchartrain, que afluiu município adentro, inundando mais de 80% da cidade. Cerca de 200 mil casas ficaram debaixo d'água em Nova Orleans, sendo que foram necessárias várias semanas para que a água pudesse ser totalmente bombeada para fora da cidade. O furacão causou grandes estragos; entre eles, danos no sistema de abastecimento sanitário e de esgoto de Nova Orleans. Isto fez com que muitos só pudessem retornar no verão de 2006. A maioria dos habitantes foram evacuados para outras cidades do estado de Louisiana, Texas e Missouri, ou transferidos para regiões distantes tais como Washington, Ontário e Illinois.
A área federal de desastre foi colocada sob o controle da FEMA (comandada por Michael Chertoff) e a Guarda Nacional. Na noite de 31 de Agosto, o prefeito de Nova Orleães, Ray Nagin, declarou "lei marcial" na cidade e disse que "os policiais não precisavam se preocupar com os direitos civis para deter os saqueadores". A interrupção de suprimento de petróleo, importações e exportações causada pela tempestade tiveram conseqüências para a economia global.

DENÚNCIAS


No vídeo seguinte pode-se assistir às reportagens de Shepard Smith e de Geraldo Rivera da Fox News, no Superdome de Nova Orleans, relatando, perplexos e horrorizados, a chacina da população negra por parte das autoridades federais norte-americanas, privando-os de qualquer assistência durante mais de uma semana. Vejam o vídeo e retirem as vossas conclusões.



Parece que um plano bem elaborado estava em marcha com o objetivo da apropriação de bens imobiliários pertencentes a famílias negras pobres de Nova Orleans.

Entre as mais faladas anomalias está o tiroteio que ocorreu próximo de um dique rebentado, entre a polícia de Nova Orleães e agentes militares, dos quais cinco morreram
Numa entrevista à cadeia de televisão WWL, o Mayor Ray Nagin queixou-se que 
os helicópteros da Guarda Nacional estavam a ser impedidos de lançar sacos de areia para parar a corrente do dique rebentado. Há provas de que nenhumas reparações no dique foram permitidas até que Nova Orleães ficasse totalmente inundada.

Muitos grupos civis que estavam a tentar ajudar pessoas encurraladas nos seus sótãos, nos seus telhados e no Superdome disseram ter sido impedidos de o fazer pelo FEMA e por agentes federais e militares. Grupos de caminhões que carregavam comida e água foram bloqueados por agentes governamentais.

Igrejas, hospitais e grupos comunitários afirmaram que a primeira coisa que os militares fizeram, quando chegaram, foi cortar as linhas de telefone e confiscar aparelhos de comunicações.

Existem também as afirmações do especialista em informações, 
Tom Heneghen, de que 25 testemunhas ouviram explosões imediatamente antes dos diques rebentarem.
As famílias negras de Nova Orleães que sobreviveram não tinham seguros e não tinham dinheiro para reconstruir as suas casas. Muito provavelmente, as suas propriedades foram confiscadas por falta de pagamento dos impostos.
http://citadino.blogspot.com/2010/08/katrina-incompetencia-ou-chacina.html

A Doutrina do Choque (The Shock Doctrine) - legendado





Tragédia em Nova Orleans, 2005. Enquanto o mundo assiste ao flagelo dos moradores com as inundações causadas por tempestades que estouraram os diques da cidade, o economista Milton Friedman apresenta no jornal The Wall Street Journal uma idéia radical. Aos 93 anos de idade e com a saúde debilitada, o papa da economia liberal das últimas cinco décadas vislumbrava, naquele desastre, uma oportunidade de ouro para o capitalismo: "A maior parte das escolas de Nova Orleans está em ruínas", observou. "É uma oportunidade para reformar radicalmente o sistema educacional". Para Friedman, melhor do que gastar uma parte dos bilhões de dólares do dinheiro da reconstrução refazendo e melhorando o sistema escolar público, o governo deveria fornecer vouchers para as famílias, que poderia gastá-los nas instituições privadas. Estas teriam subsídio estatal. A privatização proposta seria não uma solução emergencial, mas uma reforma permanente. A idéia deu certo. Enquanto o conserto dos diques e a reparação da rede elétrica seguiam a passos lentos, o leilão do sistema educacional se tornava realidade em tempo recorde.


Excelente! Agora o longa-metragem!

Toda a verdade por detrás da implantação do neoliberalismo mundo afora. 
Da mesma diretora do excelente documentário "The Take", faz parte também da roda do pessoal que fez "The Corporation". O documentário Shock Doctrine, baseado no livro como a mesmo nome, mostra as conexões entre os experiências desenvolvidas por cientistas no campo da psiquiatria nos anos 40 e as ações da CIA pelo mundo afora nos anos seguintes. Assim como o eletrochoque ou a tortura são ferramentas para fazer que o paciente ou torturado seja obediente, O CHOQUE aplicado a países é a maneira para que práticas neoliberais sejam implantadas.
O documentário mostra as práticas violentas das Ditaduras implantadas no Chile e na argentina através os ensinamentos dos EUA através da Escola das Américas.
Milton Friedman, o maior economista dos EUA de todos os tempos, foi o mentor dessa doutrina, que aplicou contra o interesses dos trabalhadores pelo mundo, as vontades da Escola de Chicago.

(docverdade) - http://docverdade.blogspot.com/2011/06/doutrina-do-choque-shock-doctrine-2009.html






O mundo acompanhou a tragédia ao vivo.
Ao ver as imagens na televisão, nos jornais e na NET da desgraça que o furacão Katrina semeou e da miséria que deixou à vista, cabe-me perguntar, onde está a “América” (leia-se Georg W. Bush), aquela superpotência mundial que se consegue mobilizar para matar a milhares de quilômetros em apenas alguns dias e não se consegue mobilizar para salvar, dentro de casa, a sua gente numa desgraça natural anunciada antecipadamente. Pois não se tratou de um tsunami nem de um terremoto imprevisível.
Como se compreende que só agora, passados 5 dias comece a chegar ajuda às milhares de pessoas retidas em Nova Orleans, Louisiana, Mississipi e ainda esteja longe da ajuda necessária para retirar os mortos, acudir aos feridos e doentes. Como é possível que passados 5 dias a cidade ainda não tenha sido evacuada, que reine a desordem e que Nova Orleans esteja a saque e entregue a gangs armados. Onde está o poderio do Sr. Georg W. Bush? Como irá reagir Georg W. Bush à oferta de médicos e medicamentos por parte de Fidel de Castro!? Onde estava Bush enquanto esta desgraça acontecia? Como é possível que um país que gasta milhões de dólares numa guerra com um inimigo inventado por si, onde estão milhares de militares seus, esteja agora a aceitar e pedir ajuda internacional? Como pode este senhor querer ser polícia do mundo se nem a ordem nas suas cidades consegue manter? Quem vai ele culpar das milhares de mortes que ele impavidamente permitiu e ainda está a permitir? Quem será o bode expiatório desta desgraça? Um quadro qualquer politicamente inconveniente ou talvez o Irã!? Ou outro país islâmico qualquer, inimigo da “América”, que "inventou" esta arma de destruição maciça chamada Katrina!



Estádio ficou lotado

Muitos sobreviventes foram levados para o Superdome, estádio de futebol americano, mas se depararam com dez mil pessoas que já tinham chegado ali em busca de refúgio. Pouco depois, o local também foi isolado pela água.
 Os serviços de resgate entraram em colapso e a polícia de Nova Orleans praticamente desapareceu.
 O calvário para os sobreviventes não terminava e as imagens de destruição, saques e desespero dominavam os canais de televisão.
O então presidente, George W. Bush, só sobrevoou a cidade quatro dias depois, e não colocou os pés no chão, recebendo severas críticas.



The Houston Astrodome

Afinal, parece que a incompetência e o laxismo também são conceitos globalizados.
A todos nós, que tanto gostamos de nos autoflagelar, fica a prova de que mesmo na maior potência mundial se cometem erros grosseiros, com evidentes custos para a população.





A falha na resposta ao furacão Katrina:

Dezenas de milhares de pessoas ficaram presas em Nova Orelans sem

alimentação suficiente, água, remédios, assistência médica e esperança.








A dor do furacão Katrina durará toda a vida

Mais de 1.500 pessoas morreram 

As águas que inundaram 80% da cidade levaram dois meses para baixar e as equipes de resgate continuavam resgatando cadáveres seis meses depois. Mais de 1.500 pessoas perderam a vida. 



Cinco anos depois, áreas inteiras de Orleans continuam abandonadas e muitos de seus habitantes não retornaram a uma cidade que mudou para sempre.No Lower Ninth, o capim cresce entre as placas de cimento e os vestígios do que foram casas desapareceram. 



Os turistas voltaram em bom número, mas a criminalidade aumentou e a população atual corresponde apenas a 80% do que era antes de 2005. 



Famosa pela música, Nova Orleans tenta se reerguer. Nesta semana, moradores promoveram um funeral simbólico das lembranças do Katrina no coração do Bairro Francês. Cinco anos após a tragédia, Nova Orleans ainda não é a mesma, mas o ritmo foi o de sempre - jazz e blues.

publicado em 29/08/2010 às 17h51:

Como é possível na Nação mais rica do mundo haverem pessoas em Nova Orleans a gritar por socorro e a dizerem que tinham fome?
O Sr. Bush pensava que as desgraças só aconteciam no quintal dos outros... Pode ser que agora o povo americano abra os olhos, e veja o mal que o seu Presidente tem andado a fazer ao ambiente.
Acorda América!!!

Presidente dos EUA promete concluir 
reconstrução de Nova Orleans

Em discurso, Obama crítica reação de seu antecessor, George Bush, à tragédia na época


 publicado em 29/08/2010 às 17h51

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, prometeu neste domingo (29) que seu governo vai terminar a reconstrução da cidade de Nova Orleans, devastada pelo furacão Katrina há cinco anos.
- Queria vir até aqui para dizer à população desta cidade diretamente: meu governo está com vocês, e lutará com vocês até que o trabalho tenha terminado.

Em crítica ao seu antecessor, George W. Bush (2001-2009), Obama afirmou, sem nomeá-lo, que o governo da época deixou mulheres, crianças e homens abandonados em meio à catástrofe natural em Nova Orleans.
Obama discursou na Universidade Xavier da Louisiana, que ficou inundada por duas semanas após a passagem do Katrina.



Há grande possibilidade de uma tragédia maior que a do Katrina
O alerta foi dado pelo diretor do Centro Nacional de Furacão, Max Mayfield. Segundo ele, há grande possibilidade de uma tragédia maior que a do Katrina, que matou 1.339 pessoas ao longo da costa americana no Golfo do México e causou prejuízos de US$ 80 bilhões.
- As pessoas pensam que vimos o pior. Não vimos - afirmou Mayfield. Acho que o dia está chegando. Acredito que eventualmente teremos um furacão em uma grande área metropolitana muito poderoso e ainda pior que o Katrina. Será um megadesastre, com muitas perdas de vidas - acrescentou.

01/09/2005 - 09h44
Cidade de Nova Orleans desdenhou alerta, diz brasileiro

IURI DANTAS
da Folha de S.Paulo, em Washington

Habituados a alertas sobre furacões e enchentes, os moradores de Nova Orleans não levaram a sério as advertências feitas pelas autoridades a respeito do Katrina, segundo o brasileiro Antonio Augusto Reis, estudante de direito que estava na cidade na véspera do desastre.



 “Alguns estudantes decidiram não sair, motivados principalmente pelos [habitantes] locais de Nova Orleans, que diziam que nada iria acontecer e que todo ano era a mesma coisa, mas que o furacão nunca atingiria Nova Orleans" relatou Reis à Folha.



A vice-cônsul do Brasil em Houston, Flávia Passos, responsável pela assistência a brasileiros na região, comparou os alertas de retirada aos alertas de terrorismo emitidos regularmente pelo governo. "É a mesma coisa. Alerta laranja, alerta amarelo. Você muda sua vida por conta disso? Com os furacões, que são sempre imprevisíveis, aconteceu a mesma coisa. Muitas pessoas se acostumaram a ouvir os alertas e não acontecer nada. Agora aconteceu", contou.



Reis deixou Nova Orleans na noite de sábado, em direção a Houston, no Texas, mas não conseguiu chegar lá e mudou a rota para Dallas. "Saímos de lá no sábado à noite e pretendíamos ir para Houston. Infelizmente as estradas estavam bloqueadas. Acabamos rumando para Jackson, Mississipi. Passamos a noite lá e, quando vimos que o furacão estava indo naquela direção, decidimos vir para Dallas, onde estamos até agora."


Seus colegas que ficaram na Louisiana foram levados para a Universidade de Jackson, no Mississipi, abrigados em um ginásio. "Eles estão bem ao que parece. Estamos no momento aguardando um posicionamento do prefeito para podermos avaliar se podemos ou não voltar para Nova Orleans", contou Reis.

O estudante disse ainda que conhece outros brasileiros em sua faculdade, mas não sabe onde eles estão. Da mesma forma, o consulado em Houston não tem tais informações. O Itamaraty estuda enviar um funcionário para Baton Rouge, Louisiana, cidade mais próxima a Nova Orleans, mas nenhuma decisão tinha sido tomada até a noite desta quarta-feira.


22/09/2005 - 09h41
"Mãe, tenho de fugir do furacão", diz brasileira


ELVIRA LOBATO

da Folha de S.Paulo



"Mãe, tenho que fugir do furacão." Eu estava em casa pela manhã, lendo jornal, mais preocupada com a renúncia do Severino Cavalcanti do que com o noticiário internacional, quando o telefone tocou. Era minha filha.



Olívia Tolentino, 26, mudou-se com o marido, Paulo Fortes, 34, em julho último para Houston, no Texas. Recebeu com indiferença brasileira as primeiras instruções sobre como prevenir-se da chegada do furacão Rita. "Compre água mineral, bebidas isotônicas e cooler com pacotes de gel para manter a bebida gelada", dizia uma delas.



No supermercado anteontem, ela percebeu a seriedade do momento e que muita gente havia se antecipado a ela. “Me dei conta da situação quando vi as gôndolas vazias", disse.

Voluntária no atendimento dos refugiados do Katrina, acomodados no estádio Astrodome, Olívia via-se sob o risco de ser um deles.

Filha de dois jornalistas, mas formada em administração de empresas, casada com um engenheiro, saiu às ruas e me fazia relatos de repórter.
Por telefone, ela informava: as rodovias interestaduais 10 e 45, que dão acesso à cidade, já estavam engarrafadas à tarde, quando deixavam o apartamento com destino a San Antonio, a 300 km de distância, também no Texas.

Eram 13h10, no horário local. Muitas lojas estavam fechadas, mas os supermercados permaneciam abarrotados de pessoas que corriam para estocar água mineral e alimentos não perecíveis. ""Estamos traumatizados com o que aconteceu em Nova Orleans. Há uma tensão no ar, mas, fora isso, nada sugere que um desastre esteja a caminho", relata-me Paulo, aos atropelos.

Grau 5

A televisão acabara de informar que o furacão Rita havia atingido o grau 5 de intensidade. Desligam a TV, colocam o aparelho no chão, seguindo a orientação da administração do edifício, e saem de casa, levando documentos, roupas e os bens de maior valor sentimental.

Recém-casados, deixaram o Rio de Janeiro, contratados por uma multinacional de petróleo. Ontem à tarde, a empresa liberou os funcionários para cuidarem de suas coisas ou deixarem a cidade.

Os moradores começaram a tomar providências na terça-feira. Minha filha conta que, pouco depois do almoço, recebeu de colegas de trabalho um roteiro com as medidas que deveria tomar, caso permanecesse na cidade.
A primeira providência é encher o tanque do carro para o caso de remoção dos moradores. A medida seguinte é ter em mãos uma receita médica para a compra de medicamentos de primeiros socorros.

Uma das conseqüências prováveis do furacão é o corte de energia elétrica. Como a maioria das casas tem fogão elétrico, as famílias são aconselhadas a comprar carvão e fluido para poderem cozinhar em churrasqueiras.

"Recarregue o celular, tire dinheiro, lave roupas e lençóis", prossegue o roteiro. Outro passo é comprar martelo, pregos, fita isolante, ripas de madeira e plásticos para preparar a casa. As fitas isolantes são usadas para diminuir a chance de que portas e janelas de vidro sejam quebradas pela força do vento.

Ainda em relação à casa, recomenda o "check-list" antifuracão, para que as famílias limpem os quintais e retirem os móveis das varandas, para evitar que "saiam voando".

Ao chegar ao apartamento, o casal recebeu novas instruções, desta vez da administração do edifício.

Entre as recomendações estava: encher a banheira com água, para a eventualidade de suspensão do abastecimento, verificar se há possibilidade de o bairro alagar, passar fitas nas portas e janelas e buscar proteção em um cômodo seguro na hora do furacão.

Nas empresas, os funcionários foram instruídos a proteger equipamentos e documentos importantes. Minha filha conta que a empresa em que trabalha instalou um serviço de informação por telefone, que funcionará 24 horas por dia, para que os funcionários possam receber instruções. As demais linhas telefônicas foram desligadas.

Na saída, Olívia buscou seguir uma última recomendação: levar consigo seus documentos pessoais e objetos de valor sentimental, porque poderiam nunca mais reavê-los. Ao terminar esse texto, falei novamente com Olívia por telefone para saber a quantas andava. Não andava. Estava presa no engarrafamento do acesso à rodovia 45.


Documentário mostra brasileiros na reconstrução de Nova Orleans

Imigrantes chegaram após o furacão Katrina, que arrasou a cidade há exatos cinco anos

29/08/2010 06h56 

Logo depois da passagem do furacão Katrina, que arrasou Nova Orleans há exatamente cinco anos, em 29 de agosto de 2005, milhares de imigrantes chegaram à cidade para trabalhar na reconstrução, entre eles muitos brasileiros.
A trajetória de dois desses brasileiros é uma das histórias retratadas no recém-concluído documentário Land of Opportunity (Terra da Oportunidade), de Luisa Dantas, que durante quase cinco anos acompanhou oito personagens em meio aos esforços para recuperar a cidade.
O vendedor de carros Marcio Passos, de Bauru, deixou mulher e dois filhos no Brasil para trabalhar nas obras de reconstrução dos prédios de Nova Orleans.
Elza França tinha como objetivo juntar dinheiro com o trabalho como faxineira para comprar uma casa e voltar para as três filhas, que ficaram no Brasil.
O filme mostra ainda um estudante cuja família foi desalojada pelo furacão, três ativistas, um arquiteto e o idealizador de uma horta urbana, histórias que revelam diferentes ângulos do longo processo de reconstrução de Nova Orleans.
"A oportunidade é o tema que une todas as histórias", diz Luisa, nascida em Nova York e filha de pais brasileiros.
"A mídia geralmente retrata essas pessoas como vítimas. Eu queria apresentar uma visão alternativa, mostrar pessoas fortes, sobreviventes."

Mudança

A presença dos brasileiros no filme ocorreu quase por acaso. Durante as filmagens, a diretora acabou percebendo que havia muitos trabalhadores do Brasil entre os imigrantes nos canteiros de obras.
Segundo ela, a participação dos imigrantes foi fundamental para a reconstrução de Nova Orleans, e os brasileiros tiveram um papel importante nesse processo.
"Antes do Katrina, Nova Orleans tinha uma população latina muito pequena", diz Luisa.
A cineasta morava em Los Angeles na época da tragédia. Logo depois do Katrina, foi enviada a Nova Orleans para rodar um vídeo institucional, a convite de uma ONG.
A ideia era ficar algumas semanas, mas no segundo dia, Luisa percebeu que queria contar uma história maior.
Em julho de 2006, mudou-se para Nova Orleans, ao lado do fotógrafo Micheal Boedigheimer.
"Achava que ia ficar aqui seis meses ou um ano. Aos poucos, foi ficando claro que ia ser muito mais", diz Luisa.

Exibição

Em quase cinco anos, foram 1,5 mil horas de material, que a cineasta teve de condensar em 95 minutos.
"De cada história maravilhosa, muitas foram deixadas de fora", diz.
Nesta semana, o documentário foi exibido em alguns países da Europa, pelo Canal Arte. Nos Estados Unidos e no Brasil ainda não há previsão de exibição.



As histórias relatadas no filme e também as que ficaram de fora podem ser conferidas no site www.landofopportunitymovie.com, que tem o cineasta americano Spike Lee como consultor.
Apesar da oportunidade surgida com a reconstrução da cidade, os dois brasileiros retratados no documentário não atingiram ainda os objetivos que os atraíram para Nova Orleans.
Marcio Passos voltou a Bauru em 2008, pressionado pela mulher que havia ficado no Brasil. Os dois acabaram se separando.
Elza França permanece nos Estados Unidos e ainda não conseguiu juntar dinheiro suficiente para comprar a casa para a família.


Renascimento de Nova Orleans privilegia áreas turísticas

Cidade atingida por enchente após passagem do Furacão Katrina, em 2005, sofreu perda de população principalmente de bairros pobres

Leoleli Camargo, de Nova Orleans | 12/02/2010 07:48

Os efeitos do furacão Katrina, que açoitou por oito horas Nova Orleans em 29 de agosto de 2005, ainda são visíveis na cidade do sul dos EUA, na Louisiana, quase cinco anos após a tragédia. Muitas pessoas ainda estão sem poder voltar para suas casas porque milhares de moradias populares tiveram de ser demolidas e deram lugar a grandes espaços vazios no cenário da cidade.
A reconstrução vem sendo privilegiada nas áreas turísticas e populares. No French Quarter, bairro de arquitetura francesa e espanhola onde ocorrem os famosos shows de jazz, e no Garden District, com mansões históricas dos séculos 19 e início dos 20, é difícil encontrar vestígios da tragédia. Mas continuam destruídas áreas de baixa renda, como o Lower Ninth Ward, um dos locais mais devastados pelas águas.
Visto da parte alta de uma ponte, o bairro ainda parece deserto. A vida demora a voltar ao normal não porque as pessoas temam que a cidade volte a inundar com a passagem de um novo furacão, mas porque ainda não receberam das companhias de seguro o dinheiro necessário para a reconstrução.
No Lower Ninth Ward e em outros bairros pobres muitas das casas atingidas foram passando de geração em geração informalmente, sem obedecer à lei de propriedades dos EUA. Quando a água se foi, nem o governo nem as companhias de seguro souberam quem tinham de ressarcir e, por isso, muita coisa ficou abandonada, relata Nick Carroll, 23 anos, voluntário da entidade Common Ground Relief, uma ONG de apoio às famílias atingidas pela enchente.

Delimitada pelo Rio Mississipi e o Lago Pontchartrain, quase metade de Nova Orleans está abaixo do nível do mar, o que a torna extremamente vulnerável a inundações por furacões ou tempestades fortes.
Quando o Katrina atingiu a cidade em 2005, diques, represas e bombas de drenagem construídos entre 1.700 e 1.800 fracassaram em conter a violenta elevação dos níveis das águas. A falha do sistema em mais de 50 pontos permitiu a inundação de 85% de Nova Orleans e deixou mais de 700 mortos e 5 mil feridos na cidade.
A tormenta, a terceira mais forte a já atingir os EUA, causou uma ampla destruição ao longo da Costa do Golfo (do centro da Flórida ao Texas). No total, o furacão causou mais de 1.800 mortes, sendo mais de 1.500 delas só na Louisiana. Além disso, deixou prejuízos estimados entre US$ 80 bilhões e US$ 110 bilhões na Costa do Golfo.
Êxodo
Segundo dados de 2008 do censo dos EUA, a população de Nova Orleans atualmente é de quase 312 mil, número bem inferior aos quase 455 mil que viviam nela antes da tragédia. Aqueles que deixaram Nova Orleans e não retornaram foram em sua maioria negros de baixa renda, de acordo com o Centro de Dados da Comunidade da Grande Nova Orleans.
O último levantamento do Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano de Nova Orleans estima que cerca de 3 mil famílias continuam vivendo em trailers, sem poder voltar para suas casas ou propriedades, que permanecem destruídas.
Próximo ao estádio de futebol Superdome, para onde foi boa parte dos desabrigados nos dias subseqüentes à tragédia, uma importante área hospitalar nunca mais se recuperou. O Hospital de Caridade (conhecido pela população apenas como Charity), um dos maiores centros de triagem que recebia majoritariamente a população pobre, segue fechado e com destino incerto - provavelmente será demolido.
Enchentes subestimadas
A tradição de enchentes da cidade fez com que a maior parte de suas antigas construções fosse erguida bem acima do solo. Nessas casas, todo o espaço livre abaixo da área habitada ficava vazio, com paredes construídas de modo a facilitar a drenagem da água.
Com o passar das décadas, no entanto, as grandes inundações foram rareando. Menos receosas, as pessoas começaram a construir suas casas no nível da rua. Muitas transformaram o espaço inútil no primeiro andar em depósito, garagem ou até mesmo local de habitação. Foi um grande erro, diz Carroll, da Common Ground Relief.
A sede onde o voluntário trabalha funciona em uma típica construção antiga, em Lower Ninth Ward. Erguida a poucos metros de onde uma barreira de água se rompeu, ela foi uma das poucas que conseguiram resistir à força da enxurrada.

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