Recentemente descobri algumas mulheres valorosas, que sabem usar as palavras para semear o bem em seus blogs. E mulheres são assim mesmo, doam de si para transformar o mundo, mesmo que essa revolução só aconteça dentro de sua casa. Nós conquistamos direitos e deveres que não podem retroceder. E cabe a cada uma de nós defender sua própria liberdade, embora possamos contar umas com as outras, a escolha é sempre individual. As condições para que possamos reagir já foi conquistada pelo sofrimento de muitas mulheres que chegaram ao limite e venceram preconceitos terríveis. Não garantir esses direitos para si só pode ser por ignorância ou medo, nunca por amor, pois no amor não existe escravidão. Ser livre é amar a si mesma.
Esta semana os blogs ferveram. Fatos repercutiram na internet que mostram que essas mulheres estão atentas e ativas para defenderem sua liberdade.
No blog da Elaine Gaspareto, ela conta como uma mãe reagiu ao perceber que sua filha de 4 anos tinha sido abusada sexualmente. Embora a prisão do desgraçado ainda não tenha sido efetuada, só o fato da mãe ter imediatamente feito o boletim de ocorrência, e a pequena cidade ficar em alerta contra aquele criminoso, já me parece um bom avanço. Penso em tantas crianças que passaram por isso e seus próprios pais não deram o apoio necessário para elas se defenderem. As borboletas acima me lembram a Elaine.
Esta flor não é um Girassol, mas pensei na Celina. que com sua postagem sobre A filofosia da liberdade me incentivou a escrever hoje: Minha responsabilidade de pensar, falar e agir. Já compartilhei os vídeos no Facebook.
Passei também a acompanhar o blog Boca no Trombone, que luta pelo fim da violência contra as mulheres e por coisas que eu nem concordo, mas tem muita coisa lá que eu precisava conhecer, sem preconceito, com liberdade.
"uma andorinha só não faz verão, mas pode acordar o bando todo" (Binho)
Vi um filme sobre o Extermínio de Golfinhos, em Taiji, no Japão. Aliás, o Alexandre Mauj tinha postado sobre isso em 2009, mas eu ainda não conhecia seu blog.
Em 2005, quando houve aquela catástrofe do furacão Katrina, eu não entendi como que os EUA foram tão lentos para socorrer aquele povo. Eles mostraram que só são heróis nos filmes e na casa dos outros. Fiz uma postagem no meu blog quando aconteceu o Terremoto e Tsunami no Japão para comparar o choque e a reação dos dois países.
Hoje este filme me fez ver muito além do que eu já imaginava e tinha aprendido. Confira!
The Shock Doctrine pretende ser uma exposição sobre a natureza implacável do capitalismo de livre mercado e seu principal expoente, Milton Friedman. Klein argumenta que o capitalismo caminha de mãos dadas com a ditadura e brutalidade e que os ditadores e outras figuras políticas sem escrúpulos tiram proveito de "choques", catástrofes reais ou fabricados para consolidar seu poder e implementar reformas impopulares no mercado. Klein cita o Chile do general Augusto Pinochet, Grã-Bretanha sob Margaret Thatcher, a China durante a crise da Praça Tiananmen, e a guerra em curso no Iraque como exemplos deste processo.
“A doutrina do choque” é o título do livro de Naomi Klein (escritora e jornalista) que serviu de base a esta interessante, pertinente e actual produção (com o mesmo nome). Produção onde Naomi Klein apresenta a sua escrita.
Seguem-se algumas notas, transcrições e uma tentativa de resumo (de forma livre e pessoal), deste seu trabalho.
1 - Milton Friedman (anos 50) e a doutrina económica liberal – neo-liberal;
- Do mercado livre,
- Do “laissez faire, laisser passer”,
- Da desregulação,
- Da “auto-regulação” dos mercados,
- Do estado mínimo.
- O Chile de Pinochet (onde Friedman pediu a Pinochet “tratamento de choque” como “terapia de cura” económica …), a Venezuela, a Argentina (entre outras ditaduras da América Latina) e o Brasil - como laboratórios da Doutrina do Choque e do neo-liberalismo de Friedman, da Escola de Chicago e dos seus “Chicago boys”.
- Seguindo-se, a implantação generalizada da doutrina capitalista neo-liberal, com Reagan e Thatcher (amiga pessoal de Pinochet), ao leme.
- Thatcher e o neo-liberalismo;
. as ondas privatizadoras,
. os cortes nos gastos públicos,
. a desregulação do sistema financeiro,
. o “Big Bang” inglês.
O desemprego duplicou em alguns sectores da economia.
- O neo-liberalismo e o acentuar das desigualdades;
- No Reino Unido, antes de Thatcher, 1 director executivo (CEO) de uma empresa, ganhava 10 vezes o vencimento do trabalhador médio.
Em 2007, o mesmo director ganhava 100 vezes o vencimento do trabalhador médio.
- Nos EUA, antes de Reagan, 1 director executivo (CEO), ganhava 43 vezes o vencimento do trabalhador médio.
Em 2005, a relação passou a ser de 400 para 1.
2 - O surgimento do capitalismo selvagem na ex-URSS.
- O país da venda ao desbarato das empresas estatais (pós União Soviética),
- A implementação do neo-liberalismo pelos “Chicago boys”,
- Em 92, a média dos russos consumia menos 40% do que no ano anterior,
- A “terapia de choque”, receitada pelos EUA e pelo FMI (como receita económica) – provocou um gigantesco desastre económio e social,
- Entre 90 e 95, registou-se uma queda de cerca de 50% do
PIB - e da produção industrial,
- A taxa de mortalidade infantil disparou,
- A “teoria do choque”, preconizada, atirou cerca de 140 milhões de pessoas para a pobreza.
De cerca de 1,5% de pobres em 1990 (fim da União Soviética), passaram a existir 40 a 50%, em meados de 93,
- A corrupção generalizou-se e tornou-se norma,
- O crime organizado disparou, tendo-se Moscovo convertido no novo oeste selvagem americano,
- Os novos empresários adquiriram influência política – criando uma casta de oligarcas,
- Cerca de 70 000 empresas estatais fecharam,
(Alguns paralelismos se podem fazer com a situação na China (onde um capitalismo selvagem vigora), onde 1 poder político autoritário e ditatorial, colabora com o novo poder económico - defendendo um regime favorável às novas elites sociais e económicas)
3 - O choque e a guerra.
- O domínio e a esploração de bens e recursos dos países por corporações privadas,
- O Iraque como exemplo paradigmático,
. a tortura (Abu Ghraib, Guantánamo, …),
. o poder da indústria privada de armamento (e os seus fabulosos lucros com a guerra),
. o caos humanitário e a guerra,
. as centenas de milhar de mortos,
. a guerra civil,
. os cerca de 4 milhões de refugiados.
4 - O choque, o medo e o condicionamento humano.
5 - O capitalismo do desastre.
- O capitalismo, e o neo-liberalismo, enquanto teoria, ideologia e prática de devastação,
- alguns dados sobre a recente crise:
. a 15/09/2008 a “Lehman Brothers”, declara falência – uma semana depois, anuncia a distibuição de 2 500 milhões de $ em bónus,
. estima-se que as firmas de Wall Street em 2008, o ano da queda, pagaram cerca de 18 400 milhões de $ em bónus,
- O regime, em crise, estende as garras,
- Assiste-se ao saque sistemático da esfera pública,
- Uma transferência de riqueza, de dimensão incomensurável, das mãos públicas (dos impostos públicos) – efectuada pelos governos dos países – para as mãos dos indivíduos e das empresas, mais ricos do mundo, está a ter lugar.
Exactamente para as mesmas pessoas e empresas que criaram esta crise (suprema e trágica ironia),
- A ideologia e a prática neo-liberais da desregulação, das privatizações, estendeu-se a quase todo o mundo.
- A eficácia deste capitalismo, desta ideologia, é proporcional ao alheamento e à ignorância que deles se tem.
- Naomi Klein termina, afirmando, que se quer dar resposta a esta crise, no sentido de obter 1 mundo mais justo, mais saudável – a única forma de o conseguir é sair à rua e lutar por ele ...
Um comentário:
Gloria querida amiga,
Você é uma especialista em me fazer chorar. Poucas pessoas conseguem isso. E só conseguem quando me tocam profundamente! Ainda não respondi seu e-mail...
Um trabalho lúcido, pungente sobre a crueldade dos homens contra homens, contra animais, contra a vida, contra a liberdade, contra o planeta, contra o universo!
Mesmo tendo por objeto tanta crueldade a sua sensibilidade se ressalta.Embora triste, é um trabalho necessário e vou fazer o que puder para sua divulgação. Obrigada por esta aula!
Obrigada também pela referência a mim, foi generosidade, porque a consciência de responsabilidade é intrínseca em você.
Beijo com carinho.
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