terça-feira, 7 de junho de 2011

Mulheres semeadoras da liberdade



Recentemente descobri algumas mulheres valorosas, que sabem usar as palavras para semear o bem em seus blogs. E mulheres são assim mesmo, doam de si para transformar o mundo, mesmo que essa revolução só aconteça dentro de sua casa. Nós conquistamos direitos e deveres que não podem retroceder. E cabe a cada uma de nós defender sua própria liberdade, embora possamos contar umas com as outras, a escolha é sempre individual. As condições para que possamos reagir já foi conquistada pelo sofrimento de muitas mulheres que chegaram ao limite e venceram preconceitos terríveis. Não garantir esses direitos para si só pode ser por ignorância ou medo, nunca por amor, pois no amor não existe escravidão. Ser livre é amar a si mesma.

Esta semana os blogs ferveram. Fatos repercutiram na internet que mostram que essas mulheres estão atentas e ativas para defenderem sua liberdade.



No blog da Elaine Gaspareto, ela conta como uma mãe reagiu ao perceber que sua filha de 4 anos tinha sido abusada sexualmente. Embora a prisão do desgraçado ainda não tenha sido efetuada, só o fato da mãe ter imediatamente feito o boletim de ocorrência, e a pequena cidade ficar em alerta contra aquele criminoso, já me parece um bom avanço. Penso em tantas crianças que passaram por isso e seus próprios pais não deram o apoio necessário para elas se defenderem. As borboletas acima me lembram a Elaine.



Esta flor não é um Girassol, mas pensei na Celina. que com sua postagem sobre A filofosia da liberdade me incentivou a escrever hoje: Minha responsabilidade de pensar, falar e agir. Já compartilhei os vídeos no Facebook.



Passei também a acompanhar o blog Boca no Trombone, que luta pelo fim da violência contra as mulheres e por coisas que eu nem concordo, mas tem muita coisa lá que eu precisava conhecer, sem preconceito, com liberdade.
"uma andorinha só não faz verão, mas pode acordar o bando todo" (Binho)



 Vi um filme sobre o Extermínio de  Golfinhos, em Taiji, no Japão. Aliás, o Alexandre Mauj tinha postado sobre isso em  2009, mas eu ainda não conhecia seu blog.


Outro filme que assisti, que realmente me tocou muito, foi A Doutrina do Choque (The Shock Doctrine) - legendado.


Em 2005, quando houve aquela catástrofe do furacão Katrina, eu não entendi como que os EUA foram tão lentos para socorrer aquele povo. Eles mostraram que só são heróis nos filmes e na casa dos outros.  Fiz  uma postagem no meu blog quando aconteceu o Terremoto e Tsunami no Japão para comparar o choque e a reação dos dois países.



Hoje este filme me fez ver muito além do que eu já imaginava e tinha aprendido. Confira!

“A doutrina do choque” é o título do livro de Naomi Klein (escritora e jornalista) que serviu de base a esta interessante, pertinente e actual produção (com o mesmo nome). Produção onde Naomi Klein apresenta a sua escrita.

The Shock Doctrine pretende ser uma exposição sobre a natureza implacável do capitalismo de livre mercado e seu principal expoente, Milton Friedman. Klein argumenta que o capitalismo caminha de mãos dadas com a ditadura e brutalidade e que os ditadores e outras figuras políticas sem escrúpulos tiram proveito de "choques", catástrofes reais ou fabricados para consolidar seu poder e implementar reformas impopulares no mercado. Klein cita o Chile do general Augusto Pinochet, Grã-Bretanha sob Margaret Thatcher, a China durante a crise da Praça Tiananmen, e a guerra em curso no Iraque como exemplos deste processo.

Seguem-se algumas notas, transcrições e uma tentativa de resumo (de forma livre e pessoal), deste seu trabalho.


1 - Milton Friedman (anos 50) e a doutrina económica liberal – neo-liberal;

- Do mercado livre,
- Do “laissez faire, laisser passer”,
- Da desregulação,
- Da “auto-regulação” dos mercados,
- Do estado mínimo.

- O Chile de Pinochet (onde Friedman pediu a Pinochet “tratamento de choque” como “terapia de cura” económica …), a Venezuela, a Argentina (entre outras ditaduras da América Latina) e o Brasil - como laboratórios da Doutrina do Choque e do neo-liberalismo de Friedman, da Escola de Chicago e dos seus “Chicago boys”.

- Seguindo-se, a implantação generalizada da doutrina capitalista neo-liberal, com Reagan e Thatcher (amiga pessoal de Pinochet), ao leme.

- Thatcher e o neo-liberalismo;

. as ondas privatizadoras,
. os cortes nos gastos públicos,
. a desregulação do sistema financeiro,
. o “Big Bang” inglês.
O desemprego duplicou em alguns sectores da economia.

- O neo-liberalismo e o acentuar das desigualdades;

- No Reino Unido, antes de Thatcher, 1 director executivo (CEO) de uma empresa, ganhava 10 vezes o vencimento do trabalhador médio.
Em 2007, o mesmo director ganhava 100 vezes o vencimento do trabalhador médio.

- Nos EUA, antes de Reagan, 1 director executivo (CEO), ganhava 43 vezes o vencimento do trabalhador médio.
Em 2005, a relação passou a ser de 400 para 1.


2 - O surgimento do capitalismo selvagem na ex-URSS.

- O país da venda ao desbarato das empresas estatais (pós União Soviética),
- A implementação do neo-liberalismo pelos “Chicago boys”,
- Em 92, a média dos russos consumia menos 40% do que no ano anterior,
- A “terapia de choque”, receitada pelos EUA e pelo FMI (como receita económica) – provocou um gigantesco desastre económio e social,
- Entre 90 e 95, registou-se uma queda de cerca de 50% do
PIB - e da produção industrial,
- A taxa de mortalidade infantil disparou,
- A “teoria do choque”, preconizada, atirou cerca de 140 milhões de pessoas para a pobreza.
De cerca de 1,5% de pobres em 1990 (fim da União Soviética), passaram a existir 40 a 50%, em meados de 93,
- A corrupção generalizou-se e tornou-se norma,
- O crime organizado disparou, tendo-se Moscovo convertido no novo oeste selvagem americano,
- Os novos empresários adquiriram influência política – criando uma casta de oligarcas,
- Cerca de 70 000 empresas estatais fecharam,

(Alguns paralelismos se podem fazer com a situação na China (onde um capitalismo selvagem vigora), onde 1 poder político autoritário e ditatorial, colabora com o novo poder económico - defendendo um regime favorável às novas elites sociais e económicas)

3 - O choque e a guerra.

- O domínio e a esploração de bens e recursos dos países por corporações privadas,
- O Iraque como exemplo paradigmático,
. a tortura (Abu Ghraib, Guantánamo, …),
. o poder da indústria privada de armamento (e os seus fabulosos lucros com a guerra),
. o caos humanitário e a guerra,
. as centenas de milhar de mortos,
. a guerra civil,
. os cerca de 4 milhões de refugiados.

4 - O choque, o medo e o condicionamento humano.

5 - O capitalismo do desastre.

- O capitalismo, e o neo-liberalismo, enquanto teoria, ideologia e prática de devastação,

- alguns dados sobre a recente crise:
. a 15/09/2008 a “Lehman Brothers”, declara falência – uma semana depois, anuncia a distibuição de 2 500 milhões de $ em bónus,
. estima-se que as firmas de Wall Street em 2008, o ano da queda, pagaram cerca de 18 400 milhões de $ em bónus,

- O regime, em crise, estende as garras,
- Assiste-se ao saque sistemático da esfera pública,
- Uma transferência de riqueza, de dimensão incomensurável, das mãos públicas (dos impostos públicos) – efectuada pelos governos dos países – para as mãos dos indivíduos e das empresas, mais ricos do mundo, está a ter lugar.
Exactamente para as mesmas pessoas e empresas que criaram esta crise (suprema e trágica ironia),
- A ideologia e a prática neo-liberais da desregulação, das privatizações, estendeu-se a quase todo o mundo.
- A eficácia deste capitalismo, desta ideologia, é proporcional ao alheamento e à ignorância que deles se tem.

- Naomi Klein termina, afirmando, que se quer dar resposta a esta crise, no sentido de obter 1 mundo mais justo, mais saudável – a única forma de o conseguir é sair à rua e lutar por ele ...




Um comentário:

Celina Dutra disse...

Gloria querida amiga,

Você é uma especialista em me fazer chorar. Poucas pessoas conseguem isso. E só conseguem quando me tocam profundamente! Ainda não respondi seu e-mail...

Um trabalho lúcido, pungente sobre a crueldade dos homens contra homens, contra animais, contra a vida, contra a liberdade, contra o planeta, contra o universo!

Mesmo tendo por objeto tanta crueldade a sua sensibilidade se ressalta.Embora triste, é um trabalho necessário e vou fazer o que puder para sua divulgação. Obrigada por esta aula!

Obrigada também pela referência a mim, foi generosidade, porque a consciência de responsabilidade é intrínseca em você.

Beijo com carinho.