sábado, 7 de março de 2009

EXCOMUNHÃO também tem PERDÃO

Quinta-feira, 05 de março de 2009, 18h58
Bispo esclarece que aborto é causa de excomunhão automática
Da Redação


Dom José Cardoso Sobrinho - Arcebispo metropolitano de Olinda e Recife

O arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, se pronunciou hoje, 5, sobre o caso da menina que ficou grávida aos 9 anos violentada pelo padrasto em Recife e que por autorização da mãe, teve a gestação interrompida. Internada na última terça-feira, 3, ela recebeu doses de um medicamento para interromper a gravidez.

Em entrevista à Canção Nova, o arcebispo mostrou-se mais uma vez contrário ao aborto, já que o Código de Direito Canônico diz que todos aqueles que conscientemente se envolvem num processo de interrupção da vida, como neste caso, estão automaticamente excomungados da Igreja Católica.

Dom José também ressaltou que a excomunhão não é algo irreversível. Basta que a pessoa se arrependa e procure se confessar com um bispo.

noticias.cancaonova.com - O que é a excomunhão?

Dom José Cardoso - A excomunhão é uma penalidade grave e significa que a pessoa que cometeu determinado delito está excluída, não está em comunhão com a Igreja. Ou seja, não pode receber os sacramentos antes de se arrepender e pedir perdão. E não é uma expulsão da Igreja para sempre. Existem tantos pecados graves pelo mundo inteiro e não é aplicada a excomunhão. Por exemplo: um homicídio, como acontece todos os dias, é um pecado gravíssimo, mas não está excomungado.

A Igreja, pensando nos bens espirituais, considera o aborto gravíssimo e, então, estabeleceu essa penalidade. É importante recordar que se trata de uma penalidade automática, uma sentença já proferida. Estou insistindo isso porque, infelizmente, difundiram pelo Brasil afora, que Dom José Cardoso excomungou a menina de 9 anos. Tudo é falso. Eu não excomunguei ninguém. Quem excomungou foi a Lei da Igreja.

Está escrito no Código de Direito Canônico que qualquer pessoa que comete o aborto está automaticamente excomungada. Então, simplesmente eu expus isso para lembrar que não é somente esse caso aqui de Recife. Nós sabemos que, no Brasil, infelizmente acontecem, a cada ano, 1 milhão de abortos. É um absurdo. Eu simplesmente relembrei esta lei.

noticias.cancaonova.com - Em quais casos a excomunhão é prevista pela Igreja?

Dom José Cardoso - A Doutrina Moral da Igreja procura catequizar e preparar os fiéis para viverem de acordo com a Lei de Deus. Nós estudamos o Catecismo da Igreja Católica, aprendemos os Dez Mandamentos e o 5º Mandamento diz "Não matar". Isto é, nenhum ser humano tem direito de tirar a vida de outro.

Agora tratando-se de tirar a vida de um inocente que ainda não nasceu, o caso do aborto, a Igreja diz que é um delito muito mais grave e, por isso, a Igreja estabeleceu para este delito esta pena de excomunhão, que se chama "master sentença", quer dizer é automática, já incorreu.

Quando alguém na sociedade comete um crime, digamos um assalto, um homicídio, não está na mesma hora punido, não. Ele vai ser colocado na prisão, vai ser um processo e, no final, o juiz determina e aplica a pena. Isto na sociedade do mundo inteiro.

Agora, dentro da Igreja, porque nós acreditamos na vida espiritual, a autoridade eclesiástica tem este direito de aplicar uma pena automática, que se chama excomunhão, quer dizer, excluído da comunhão com a Igreja. Mas também, esta penalidade não é para a vida eterna, não, a pessoa tem possibilidade de voltar, de se converter e a Igreja absolve.

Quer dizer, é uma lei da Igreja que, eu gostaria de lembrar, também está escrita no Código de Direito Canônico e está explicada no Catecismo da Igreja Católica* (CIC), este livro tão importante que o Papa João Paulo II colocou em nossas mãos. Qualquer pessoa, bem instruída em religião, vai encontrar no Catecismo da Igreja Católica o que estou dizendo agora, escrito para todos os fiéis do mundo.

noticias.cancaonova.com - Como o senhor avalia a interpretação dada pela imprensa sobre este caso?

Dom José Cardoso - Estão dando uma interpretação errônea. Estão dizendo que eu excomunguei e, isso é totalmente errôneo. Eu simplesmente expliquei, declarei o que aconteceu: "Que quem comete o delito do aborto, está automaticamente excomungado". Mesmo que ninguém soube, está excomungado.

Quando ele se aproximar da Igreja para receber o perdão e confessar o cometido, o padre ou o bispo poderá absolver primeiro da excomunhão e depois do pecado. Este é o sistema da Igreja desde o começo, desde o primeiro século**. E está tão bem explicado neste livro maravilhoso chamado Catecismo da Igreja Católica.


* Cf. CIC, cân. 2270-2275
** Cf. CIC, cân. 2272

Sábado, 07 de março de 2009, 10h54
Declaração da CNBB sobre o caso da gravidez da menina em PE

Da Redação

A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, reunida em Roma nestes dias, divulgou ontem, 6, uma nota sobre o caso da menina de nove anos que em Pernambuco, há três anos vinha sofrendo violência sexual por parte de seu padrasto, tendo sido por ele estuprada, do que resultou uma gravidez de gêmeos.

Na declaração a CNBB diz que, "acompanha perplexa, como toda a sociedade brasileira, a notícia da menina". "Repudiamos veementemente este ato insano e defendemos a rigorosa apuração dos fatos, e que o culpado seja devidamente punido, de acordo com a justiça", precisa a Nota.

Os Bispos lamentam na Nota o fato de que "este não seja um caso isolado. Preocupa-nos o crescente número de atentados à vida de crianças, vítimas de abuso sexual. Neste contexto, a Igreja se faz solidária com esta e com todas as crianças vítimas de tamanha brutalidade, bem como com suas famílias".

"A Igreja, em fidelidade ao Evangelho, se coloca sempre a favor da vida, numa condenação inequívoca de toda violência que fere a dignidade da pessoa humana", segue.

A CNBB assumiu o pronunciamento feito pelos Bispos do Regional Nordeste 2, que acabam de se manifestar sobre esse doloroso acontecimento: "diante da complexidade do caso, lamentamos que não tenha sido enfrentado com a serenidade, tranqüilidade e o tempo necessário que a situação exigia. Além disso, não concordamos com o desfecho final de eliminar a vida de seres humanos indefesos".

Assinam a Nota, o Arcebispo de Mariana e Presidente da CNBB, Dom Geraldo Lyrio Rocha; o Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro e Secretário Geral da CNBB, Dom Dimas Lara Barbosa; e o Arcebispo de Manaus e Vice-Presidente da CNBB, Dom Luiz Soares Vieira.




“Atendei ao Bispo, para que Deus vos atenda. Ofereço minha vida para os que se submetem ao Bispo. Possa eu, com eles, ter parte em Deus. Trabalhai uns com os outros e, unidos, combatei, lutai, sofrei, dormi, despertai, como administradores, assessores e servidores de Deus. Que o vosso batismo seja como escudo, a fé como elmo, o amor como lança, a perseverança como armadura.
Vossos depósitos sejam as vossas obras, para que possais retirar as somas a que tendes direito” (Carta de Santo Inácio de Antioquia a Policarpo – Submissão ao Bispo)

Leia também:
Carta Aberta do Apostolado Sociedade Católica ao Exmo. Revmo. Dom José Cardoso Sobrinho . Disponível em:
http://www.sociedadecatolica.com.br/modules/smartsection/item.php?itemid=84.
Desde 29/01/08


Nenhum comentário: