segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Faxina





No decorrer de nossa existência vamos acumulando coisas inúteis, que só pesam em nosso embornal de viajantes eternos. Chega um momento em que precisamos fazer uma faxina, uma limpeza geral, aliviando, assim, a carga, e tornando nossa jornada mais amena, e bem mais agradável. É o momento de limpeza de armários.



Limpar!
Vou limpar os meus armários, jogar fora muitas coisas
Limpar por dentro e por fora, vou arranjar coisas novas
Coisas velhas não me servem.

Vou abrir cada um deles
Com todo cuidado do mundo, para não me machucar
Um e outro, e enfim todos. Vou limpar todos os armários
Espalhados em meus quartos, meus porões, salas, cozinhas
E tem o quartinho do fundo, que não posso me esquecer.

Vou limpar os meus armários, tirar de vez a poeira
Acumulada no tempo, em todo tempo perdido
Tentando ajeitar as coisas, coisas que não tem mais jeito
Corroídas, com cupim, essas coisas, tão estranhas
Só ocupam meu espaço, espaço muito valioso
Espaço prá’ coisas novas, de um novo tempo que surge
Um tempo mais promissor.

Vou limpar!
Limpar com muito cuidado, revirar bem as gavetas
Caçar coisas bem no fundo, limpar tudo, renovar.
Vou deixar de me amolar com coisas perdidas nos cantos
Coisas que fui juntando, sobrepondo, acumulando
Acumulando no tempo, tempo inútil, perdido
Juntando coisas perdidas, coisas já muito usadas
Mas agora sem valor.

Vou limpar os meus armários, vou renovar minha vida
Deste ponto de chegada, vou fazer outra partida
Partida pr’um novo tempo, partida pr`um novo futuro.
Vou para um novo amanhã, que me dê mais alegria
Que me encha o coração e seja razão pr’ poesia
Poesia que vem da alma, agora limpa, vazia
Vazia de coisas velhas, vazia de velhas querelas
Vazia de velhas lorotas, e pronta para este dia.

Vou limpar cuidar, zelar, vou dar brilho!

Com meus armários vazios, renovados, limpos, brilhando
Tudo será mais leve e a jornada mais amena
Mais segura, com certeza.
Uma jornada serena, que me dê tranqüilidade
Traga uma nova canção, a canção de um novo dia
Canção para uma nova vida.

Vou limpar os meus armários
Depois encher novamente, agora com coisas novas
Com amor, paz e bondade, vou arrumar as gavetas
Com coisas que sejam úteis, coisas que tenham valor.

Vou limpar os meus armários!
Deste ponto de chegada
Vou fazer nova partida!

Sidarta da Silva Martins


Faça já a sua faxina! Boa Sorte! ***




Faxina na Alma


Não importa onde você parou...
em que momento da vida você cansou...
Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo...
é renovar as esperanças na vida e o mais importante...
acreditar em você de novo.
Sofreu muito nesse período?
foi aprendizado...
Chorou muito?
foi limpeza da alma...
Ficou com raiva das pessoas?
foi para perdoá-las um dia...
Sentiu-se só por diversas vezes?
é porque fechaste a porta até para os anjos...
Acreditou que tudo estava perdido?
era o início da tua melhora...



Pois é... agora é hora de reiniciar... de pensar na luz...
de encontrar prazer nas coisas simples de novo.
Um corte de cabelo arrojado... diferente?
Um novo curso... ou aquele velho desejo de aprender
pintar... desenhar... dominar o computador... ou qualquer outra coisa...
Olha quanto desafio...
quanta coisa nova nesse mundão de meu Deus te esperando.
Tá se sentindo sozinho?
besteira...
tem tanta gente que você afastou com o seu "período de isolamento"...
tem tanta gente esperando apenas um sorriso teu para "chegar" perto de você.
Quando nos trancamos na tristeza...
nem nós mesmos nos suportamos...
ficamos horríveis...
o mal humor vai comendo nosso fígado...
até a boca fica amarga.



Recomeçar... hoje é um bom dia para começar novos desafios.
Onde você quer chegar? ir alto... sonhe alto... queira o melhor do melhor...
queira coisas boas para a vida...
pensando assim trazemos prá nós aquilo que desejamos...
se pensamos pequeno... coisas pequenas teremos...
já se desejarmos fortemente o melhor e principalmente lutarmos pelo
melhor...
o melhor vai se instalar na nossa vida.
E é hoje o dia da faxina mental...
joga fora tudo que te prende ao passado...
ao mundinho de coisas tristes...
fotos... peças de roupa, papel de bala... ingressos de cinema...
bilhetes de viagens...
e toda aquela tranqueira que guardamos quando nos julgamos apaixonados...
jogue tudo fora...
mas principalmente... esvazie seu coração...
fique pronto para a vida... para um novo amor...
Lembre-se somos apaixonáveis...
somos sempre capazes de amar muitas e muitas vezes...
afinal de contas...
Nós somos o "Amor"...
Porque somos do tamanho daquilo que vemos, e não do tamanho da nossa altura.
Sempre vai existir um ser além de nós, e confia nele agora, que ele guiará os teus passos ...


Paulo Roberto Gaefke
www.meuanjo.com.br



domingo, 27 de fevereiro de 2011

Ansiedade

SALMO 114

1.Aleluia. Amo o Senhor, porque ele ouviu a voz de minha súplica,
2.porque inclinou para mim os seus ouvidos no dia em que o invoquei.
3.Os laços da morte me envolviam, a rede da habitação dos mortos me apanhou de improviso; estava abismado na aflição e na ansiedade.
4.Foi então que invoquei o nome do Senhor: Ó Senhor, salvai-me a vida!
5.O Senhor é bom e justo, cheio de misericórdia é nosso Deus.
6.O Senhor cuida dos corações simples; achava-me na miséria e ele me salvou.
7.Volta, minha alma, à tua serenidade, porque o Senhor foi bom para contigo,
8.pois livrou-me a alma da morte, preservou-me os olhos do pranto, os pés da queda.
9.Na presença do Senhor continuarei o meu caminho na terra dos vivos.

Leia mais em: http://www.bibliacatolica.com.br/01/21/114.php#ixzz1F9NQStFZ

COMO SE LIVRAR DA ANSIEDADE




1- Respire fundo, lenta e compassadamente pelo maior tempo que você for capaz, pois isto ajuda a desacelerar fisiologicamente o cérebro e por conseqüência a mente.



2- Entenda que quando um problema novo se configura a sua frente, a solução não esta na sua mente, não esta no seu pensamento, e sim no fato em si. Quando for possível olhe para o novo, procure entende-lo, aumente as suas informações e o seu conhecimento sobre ele. Não busque referencias anteriores, pois isto aumentara a sua ansiedade. Se não for possível olhar para o problema (como no exemplo da entrevista) procure não pensar nele, tente distrair a sua mente com outra coisa, brigue com ela para não pensar na entrevista e em suas conseqüências.



3- Aceite a falta de controle, abra mão da prepotência da sua mente e entenda que não somos deuses superpoderosos que tudo podemos controlar. Uma parte de nossa vida tem que entregar a Deus, ao destino a sorte e... Seja o que Deus
quiser...



4- Problemas e novidades se resolvem com ação e não com pensamento, é preciso fazer o melhor que esta a nosso alcance, focado, ligado no real. O que esta além do nosso melhor esforço não podemos controlar.




5- Aceitar a possibilidade de perder, não querer ganhar a qualquer custo, pois isto acelera a mente e aumenta e muito a chance de derrota.



6- Aceite conviver com a insegurança quando ela surgir a sua frente, não queira se livrar dela, não tenha pressa. Quanto mais você aceitar conviver com a insegurança, mais calmamente ela ira embora e mais a sua mente se acalmara. Quanto mais você tentar se livrar dela, mais ela se tornara ansiedade.



7- Não se deixar enganar pela mente. Quando ela ficar buzinando internamente que o pior vai acontecer, usar a palavra mágica: " Seja o que Deus quiser...". " Foda-se..."



Resumindo, mente acelerada é mente desequilibrada, para livrar-nos da ansiedade devemos aprender a escapar do domínio e desacelerar a nossa mente.

Dr. Isaac Efraim, psiquiatra, marido da querida @Rosana

A conquista da serenidade















* * *
Slides Beth Norling


Redação do Momento Espírita, e pensamentos do verbete Serenidade, do livro Repositório de sabedoria, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.


site: http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=1603&let=C&stat=0

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

PARABÉNS, Steve Jobs !!!!

24 de fevereiro de 1955. Foi quando, de última hora, as pessoas que seriam os pais adotivos de Steve Jobs decidiram que na verdade queriam uma menina. Foi aí que os pais adotivos dele, que estavam na lista de espera, receberam uma ligação de última hora. A ligação era sobre o nascimento de Steve Jobs, e a pessoa na linha perguntou se os pais tinham interesse em adotar o garoto. Eles disseram: “É claro!”.
Foi nesse dia que uma das mentes mais brilhantes atuais (deste século) nasceu. Já pararam para pensar que se os que seriam pais adotivos dele não desistissem de última hora da adoção, os “novos” pais adotivos não adotariam ele. Se os atuais pais adotivos dele não tivessem adotado ele, ele nunca teria deixado a faculdade para entrar na aula de caligrafia. Se ele não tivesse entrado na aula de caligrafia, ele nunca usaria seu conhecimento para começar o grande projeto de sua vida: o Macintosh, com o uso de toda sua experiência em caligrafia, que garantiu aos computadores pessoais toda essa brilhante tipografia que eles têm hoje.
O homem é um dos poucos que têm a coragem de deixar seu coração tomar as decisões importantes, e hoje, completa 56 anos. Por sua genialidade, ele levou as ações da Apple de $3 para $350 dólares. Por ser tão inteligente, Steve tem fãs espalhados pelo mundo inteiro, que não só admiram seu trabalho, como admiram sua visão sobre a vida.
Portanto, que fique aqui nossos sinceros votos de feliz aniversário à Steven Paul Jobs (conhecido por todos nós como Steve Jobs), e nossos desejos de que ele se recupere de seu câncer e continue fazendo seu trabalho, o que ele ama, o mais rápido possível.


Todos nós podemos aprender com o exemplo de Steve Jobs

Por Graham Bower
Para pessoas como eu, e os outros 28 milhões que vivem com câncer, personalidades como Steve Jobs são exemplos incríveis. Quando eu fazia quimioterapia, há três anos, fui muitas vezes tentado a pensar “Por que eu?“. Mas aí eu me perguntava, “Por que Steve Jobs? Por que Lance Armstrong?”. Refleti sobre as coisas notáveis que eles alcançaram após o início do tratamento. O seu exemplo inspirador me ajudou muito mais do que eu posso dizer com palavras.
Steve Jobs prefere não falar sobre seu câncer. Ele prefere se concentrar em seu trabalho. Devemos respeitar sua escolha.
Quando alguém não está bem, a última coisa de que precisa é de um monte de gente fazendo alarde sobre isso. E se optar por manter suas questões de saúde para si mesmo, seus desejos devem ser respeitados. Ninguém tem o direito de saber a condição médica de outra pessoa.
Discutir publicamente o estado de saúde de alguém e especular sobre o seu prognóstico édesrespeitoso e desnecessariamente negativo.
Quando eu fiquei doente e fui submetido à quimioterapia, eu tive a sorte de ser capaz de continuar o meu trabalho diário, administrar uma empresa de pequeno porte. O que tornou isso possível para mim foi a força interior, o pensamento positivo e o incentivo da minha família, amigos e colegas em torno de mim, que tinham a abertura de espírito suficiente para se concentrar no que eu poderia fazer, e não naquilo que eu não podia.
Nenhum de nós está imune a doenças ocasionais. Uma em cada seis pessoas no mundo são diagnosticadas com câncer em algum estágio de sua vida (uma em cada três os EUA). Todos nós [que temos a doença] precisamos de espaço para começar bem, do nosso próprio jeito, e com a ajuda de profissionais médicos qualificados.
Se você conhece alguém que está vivendo com câncer, a melhor maneira de ajudá-lo é dar foco nos aspectos positivos, dar-lhes o espaço para lhe contar muito ou pouco, de acordo com sua vontade, e ter a mente aberta sobre o que eles são capazes de alcançar .
O ano de 2011 promete ser incrível para a Apple. Vamos nos concentrar nisso e deixar a oncologia para os profissionais.
Texto original em inglês.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Os dedos teclam o que está no coração




Na era digital estamos sedentos de ouvir Deus falar

Recentemente, um artigo publicado na edição on-line da revista Science tentou responder quantas informações há dando voltas ao mundo. O número é algo impressionante: 295 exabyte, ou seja, “315 vezes todos os grãos de areia da face da terra”, segundo os cálculos de uma agência de notícias.

Um outro dado interessante é que quase todas essas informações são frutos da era digital e estão armazenadas em servidores ou na nossa troca de informações por intermédio de aparelhos tecnológicos, como celulares, GPS's e televisores.

Duas perguntas me vieram ao pensamento: “Como contaram os grãos de areia da face da terra?” e “Para onde caminha a humanidade com tantas palavras?”.

De fato, estamos na era da informação, sendo plasmados pela cultura “high-tech”, pelo sistema “very fast” (muito rápido). Comemos rápido, andamos apressados, trabalhamos de modo ligeiro, convivemos pouco, vivemos estressados – sinta-se livre para colocar mais sinônimos.

Mas, talvez, o perigo maior não esteja na quantidade ou na velocidade da informação em si, mas na seleção das verdadeiras palavras, no discernimento do que estou recebendo, porque o receptor de todos esses “bytes” é o homem.

Em nossa cultura digital, nem tudo o que transborda é verdadeiramente uma palavra que preencha o coração do homem. Uma prova disso é que temos 5 mil "amigos" ou seguidores nos nossos perfis de redes sociais e quando deitamos a cabeça no travesseiro parece que a solidão também faz parte do nosso grupo de "followers" (seguidores). Talvez, se fizessem uma pesquisa, constatassem que o aumento de palavras (informações) no mundo também é proporcional ao aumento do vazio interior do homem, pois “[O Verbo] era a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem. Estava no mundo e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o reconheceu. Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam” (Jo 1, 9-11)

Sim, estamos sedentos de ouvir Deus falar. No fundo do coração e de sua consciência, o ser humano quer Deus e O procura; mas “como invocarão aquele em quem não têm fé? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão falar, se não houver quem pregue?” (Rom 10, 14).

Eis aqui o desafio que nos é proposto por Bento XVI: mostrar o Rosto de Cristo nesta cultura digital. Teclar o que está contido num coração conquistado por Jesus, mostrar que o pedido da humanidade ainda está contido na prece que fazemos em cada Eucaristia: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e eu serei salvo”.

Em meio a "exabytes" de vozes, guardemos "A Palavra" e fiquemos com Jesus Cristo, para que o mundo seja salvo. Basta o Verbo, o Filho de Deus, revelado a nós e transbordado por nosso intermédio para que, também, essa cultura “high-tech” sinta o suave “perfume de Cristo” (cf. II Cor 2, 15).

Esta é a profecia que devemos levar ao mundo digital, pois, se a boca fala do que está cheio o coração, os dedos teclam o que também está nele.

“Tudo isso para que procurem a Deus e se esforcem por encontrá-lo como que às apalpadelas, pois na verdade ele não está longe de cada um de nós” (Atos 17, 27)

Convido você para atender o apelo de Bento XVI no mundo digital. Vamos fazer uma "Revolução Jesus" na internet e ecoar a Palavra de Deus que diz "Desperta, tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos e Cristo te iluminará" (Ef 5, 14).



Daniel Machado
conteudoweb@cancaonova.com

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Implosão da Ala Sul do HUCFF - "Perna Seca" do Hospital do Fundão - 2 meses




No dia 21 de junho de 2010, um forte estrondo, provocado por abalo nas estruturas da ala abandonada do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro, levou os técnicos que avaliaram a situação a decidir pela demolição da parte afetada do prédio. No início do mês de novembro o hospital começou a ser desativado para possibilitar a realização da implosão, que aconteceu às 7h do dia 19 de dezembro de 2010.








Projeto Monumental


Arquipélago das 9 ILHAS de Manguinhos em 1945, que comporiam , após aterramentos, a Futura Cidade Universitária da UFRJ.
Acervo: Arquivo Histórico do ETU/UFRJ



Construção da Ilha Universitária e dos primeiros prédios- Hospitais, Engenharia, Arquitetura



Construção do inconcluído Hospital Universitário



A “inauguração” de nossa cidade universitária, na ilha do Fundão, deu-se “simbolicamente” em duas datas : em 01 de outubro de 1953, Getúlio Vargas inaugurou o Instituto de Pediatria e Puericultura. Posteriormente, a 7 de setembro de 1972, nas comemorações do sesquicentenário da independência, o General Médici “concluía” , oficialmente, a construção da cidade universitária, após sucessivos anos de paralisações . Este longo período de discussões, obras e interrupções já evidencia a problemática deste empreendimento. Num período de embates e polarizações ideológicas, a construção do campus de nossa universidade se mistura à própria história de nosso país.



Atualmente



A escala inusitada e gigantesca do hospital, com dois mil leitos e 200 mil m2, respondia à demanda de estabelecer uma referência nacional, de defini-lo como o ponto alto do principal centro universitário do País. Jorge Moreira assumiu o legado da significação simbólica do edifício conforme previsto nas propostas de Le Corbusier e Lúcio Costa (1936), que o identificava como o ícone principal do campus. Daí o cuidadoso e elaborado desenho, baseado em uma precisa geometria axial (a lâmina principal com as asas perpendiculares formando um duplo T), dois volumes de 11 pavimentos sustentados por pilotis de dupla altura, com um embasamento horizontal estendido ao longo da dimensão principal, que abrigava os principais serviços médicos para o grande público.

Mas a realidade ficou distante dos desejos, aspirações e ilusões dos intelectuais, arquitetos e políticos que imaginaram o futuro do Brasil nos anos de 1950. Com a mudança da capital para Brasília em 1960 as grandes obras federais para a agora velha capital foram paralisadas - como as da UFRJ. As obras do hospital permaneceram interrompidas até 1974, e naquele ano o governo militar decidiu completá-las para a abertura parcial do Hospital Universitário. Resolveu-se utilizar somente a metade da estrutura, sem qualquer reconhecimento ao projeto original.
Semi-abandonada e desprovida de manutenção por 50 anos, a estrutura de concreto armado da seção vazia não suportou a passagem do tempo e algumas colunas dos pilotis cederam, fato que levou à decisão da sua derrubada definitiva.



A primeira etapa do processo consistiu na demolição manual da ligação entre as duas alas do hospital - uma ocupada, outra há muito abandonada. Iniciada em agosto, esta etapa visava a abertura de um vão de 20 metros de largura entre as duas alas a fim de isolar a ala sul, cuja estrutura estava seriamente comprometida, e evitar que a parte ocupada do hospital fosse afetada por vibrações resultantes da implosão.





Diante dele, não há como não pensar em todos os desvarios que foram erguidos em nome da arquitetura moderna. Mas também em todos os desvarios que se seguiram – na arquitetura, na saúde pública, na política-, e obstaculizaram tanto a conclusão do hospital quanto o uso da parte nunca inaugurada do prédio para outros fins (como um hotel ou um alojamento, quem sabe).

O fato é que a demolição parcial do Hospital Universitário vai gerar mais uma mutilação irreparável na paisagem e no patrimônio da arquitetura moderna do Rio de Janeiro, que já padece com o corte feito ao edifício em curva de Affonso Eduardo Reidy na Gávea, nos anos 80. Então mesmo que a demolição seja necessária, que o custo da recuperação do edifício inteiro seja inviável, e até que este seja o ônus a ser pago pela utopia modernista, muitas pessoas estiveram no Fundão no último domingo antes do Natal, com a câmera na mão, e os olhos molhados.



A implosão de metade abandonada do Hospital das Clínicas da Universidade do Brasil - a chamada "perna-seca" - não teve a mesma repercussão internacional que a demolição do conjunto habitacional Pruitt-Igoe em Saint Louis, de Minory Yamasaki (às 15h32 de 15 de julho de 1972), e que para muitos especialistas marcou o fim do movimento moderno e o início do chamado pós-modernismo.

A destruição de metade do edifício que abriga o hospital universitário ficará visível como uma eterna ferida, uma cicatriz arquitetônica, uma evidência da crise do projeto social associado ao movimento moderno. Na segunda metade do século 20 foram demolidos inúmeros prédios do movimento moderno no mundo. No entanto, não se tem notícia da "preservação" de metade de um edifício. Surgem sérias dúvidas sobre o valor estético de uma ruína modernista, como será a permanência da metade do hospital, convertida em uma triste imagem de um pesadelo que substituiu a concretização da utopia.



Segundo o reitor da UFFRJ, Aloísio Teixeira, um novo hospital será construído na área que ficará disponível após a remoção dos escombros. “Estamos virando uma página de megalomania, de autoritarismo e criando condições para avançar na construção de uma universidade melhor. Um sistema público de atenção à saúde melhor. Este hospital que estamos prevendo será mais amigável, mais moderno, com mais recursos, significando melhorias para a universidade e para a saúde do Rio de Janeiro”, afirma Teixeira.

Com a construção do novo hospital, a ala onde hoje funciona o atendimento clínico e ambulatorial do HUCFF, será aproveitada com salas de aula, gabinetes de professores e salas de pesquisa. Segundo Teixeira, uma emenda parlamentar assegura recursos para a elaboração do projeto básico. Com o compromisso dos ministérios da Educação e da Saúde, no repasse das verbas, o projeto executivo poderá estar concluído até o fim de 2011.

Baseada nos textos de Roberto Segre e José Barki, Ana Luiza Nobre e Rui Zilnet