sábado, 17 de janeiro de 2009

O papel espiritual da mãe e do pai

Padre Paulo Ricardo
Foto: Elcka Torres

O papel espiritual da mãe

Se queremos educar nossos filhos, precisamos ter os nossos olhos fixos no Pai. O primeiro valor que precisamos ter para educar os nossos filhos o dom do céu. Essa vida não é capaz de nos dar a felicidade, se esperamos demais dessa vida só acumulamos frustrações.

Precisamos olhar para dois papéis bem definidos na família, o papel do pai e da mãe. O que se espera de um pai e de uma mãe para a educação dos filhos.

Vamos olhar para figura da mãe. Precisamos entender que a diferença entre homem e mulher é desejada pelo Criador, e não é só uma diferença física e genital, homens e mulheres são diferentes. Se queremos educar nossos filhos, precisamos de alguém que assuma o papel espiritual de pai e de mãe.

Os animais não têm pais espirituais, eles têm reprodutores, pois os animais não têm papéis espirituais. Somente nós seres humanos temos esse papel espiritual. O que vemos na nossa sociedade é que esses papéis estão confusos, e a sociedade está fazendo de tudo para que isso seja confundido. A sociedade quer abolir a diferença entre o homem e a mulher.

A mulher tem sua identidade e seu papel de mãe, e o homem tem sua identidade e seu papel de pai. Todas as mulheres da face da terra, inclusive as virgens consagradas, precisam ser mães espirituais, não existe mulher madura que não seja mãe. Assim é o homem, os padres não têm filhos biológicos, mas eles precisam assumir um coração de pai.

Quando olhamos para esses papéis de pais espirituais, você precisa querer dar frutos, ninguém veio a terra para ser estéril, mas para ter filhos espirituais, que é muito mais importante que ter filhos biológicos, pois os animais podem também procriar, precisamos nos deter nesses papéis espirituais.

Em toda a sociedade existe um papel espiritual de pai e de mãe. O ser humano no mundo inteiro reconhece que ser pai e ser mãe não é simplesmente “pari” um filho, no sentido verdadeiro da palavra, por isso muitos dizem: “eu não tive um pai, uma mãe de verdade”.

Tudo isso que estou falando é pesquisa do padre Vergote, ele descobriu uma coisa referente à mãe. Mãe é quem tem uma disponibilidade afetiva, um o coração aberto, por isso muitos dizem: “minha mãe está sempre de braços abertos para me acolher”. Mãe é colo, aconchego. A segunda característica da mãe é amor incondicional; por isso no presídio as mães dizem: “não importa o que meu filho fez, eu continuo o amando”. Não que ela aprova o que ele fez, mas o ama mesmo assim.

No meio de tudo isso entra uma coisa chamado movimento feminista, que iniciou numa luta muito justa, em que queriam dar as mulheres os mesmos direitos civis que o homem, ela pode votar e participar da vida política, ela tem seu lugar na sociedade. Esse movimento era de mulheres cristãs, mas infelizmente foi raptado por ateus, e na vida ateia para a mulher conseguir o direito salarial igual do homem ela precisa trabalhar muito para competir com seu marido, então entra o drama da sociedade moderna.

Eu reconheço que as mulheres precisam de certa independência de seus maridos. Então o que fazer? O drama da mulher está em trabalhar e si sentir frustrada por não ser uma boa dona de casa.

Numa pesquisa nos Estados Unidos descobriram que as mulheres se sentiam muito mais satisfeitas se pudessem dispor parte de seu tempo para ter mais tempo para a família. A realidade é essa, para que as mulheres se realizem como mulher, é preciso realizar aquilo que está no coração de toda mulher, ser mãe. Você mulher, não queira concorrer com seu marido em forma de dinheiro, saiba que seu lado materno sempre será insatisfeito.

O que nós queremos hoje? Um milagre! Queremos que nossos filhos sejam educados, mas não queremos pagar um preço. Mulher, se você escolher sua carreira em primeiro lugar você pagará um preço. Se você quer ter filhos e deseja se realizar como pessoa humana, ou você investe tempo para seus filhos ou você será uma mãe ou um pai frustrado. Ou você está com seus filhos ou alguém vai tomar o seu lugar, e as escolhas tem suas consequências.

Eu não quero escolher sua vida, estou colocando às claras o preço das suas escolhas. Se você escolhe um caminho de competitividade com seu marido você pagará um preço de insatisfação, e o preço de seus filhos é de não ter sua presença.

O padre Vergote descobriu que o esquizofrênico e um criminoso - aquele que tem a mente perversa -, são pessoas que não tem a figura de mãe. O esquizofrênico tem a figura de uma mãe que é juiz. Vejam que isso tem consequência para seus filhos. Mas será que não existe uma ligação entre o crescimento da violência na sociedade e a ausência das mães na família? E eu não falo da mãe biológica, mas mães e pais espirituais. Se você pode ser pai espiritual e mãe espiritual, seja, mas nossos filhos precisam dessa referência de amor incondicional.

Eu reconheço que as mulheres precisam de certa independência de seus maridos. Então o que fazer? Uma opção para a mulher é não querer um caminho de rivalidade com seu marido, querendo se colocar acima do marido, se você ganha mais que seu marido, não interessa, não seja rival, vivam em comunhão de bens. Na prática espiritual deve ter comunhão de bens.

A mãe precisa ser essa referência de carinho para seus filhos. Existem situações em que o marido não consegue emprego e a mulher trabalha, então que o marido faça presença paterna, mas não deixe o filho a mercê da televisão e da internet. Perdeu-se a satisfação de ser pai e mãe, mas existe o benefício e a alegria de ser pai e mãe. Os casais modernos não gostam de sair com os filhos, parece que olham para os filhos como algo que atrapalha, e não uma realização.

Se você não tem filhos, tem problemas de engravidar, ou é celibatário, se vire e busque filhos espirituais. Ninguém nasceu para ser estéril, mas para ser alegre, então busque filhos espirituais para que vocês tenham a alegria de ser pai e de ser mãe.

A família é dom de Deus, é algo muito precioso aos olhos de Deus. Todos os movimentos progressistas querem destruir as famílias.

A mãe é gratidão, ela é o lugar aonde a criança vai correndo quando está em perigo. Se você não teve uma boa experiência de mãe, você precisa perdoar sua mãe, e se sua mãe já morreu, assuma a Virgem Maria como sua mãe.

A mãe não pode fazer tudo, mas os filhos precisam ter uma referência de mãe. Às vezes é necessário perder um pouco de dinheiro para ganhar a família. As mulheres não podem ficar na posição de inveja do homem, as feministas radicais não amam as mulheres, por isso querem destruir o que você tem de mais bonito, a feminilidade, para serem como os homens. Mulheres, não invejem os homens, mas se realizem como mulheres.

O papel espiritual do pai

Padre Paulo Ricardo
Foto: Nara Bessa

Nós dizíamos nesta manhã, que todos precisam de um pai e uma mãe espiritual. A mãe tem uma disponibilidade afetiva, está sempre com os braços abertos. A figura do pai está necessariamente ligada a lei. E isto é fácil para a gente entender. A mãe e a criança estão ligadas, primeiro ela tem que segurar a criança no útero, ou do contrário ela perde a criança, depois no colo, mas depois a mãe quer segurar a criança em casa. O pai põe um limite na ligação entre a mãe e a criança, sem quebrar esta ligação.

As vezes pensamos que o pai entra para separar o filho da mãe, mas o papel do pai é o equilíbrio, e isso faz com que os nossos filhos cresçam no equilíbrio. Acontece hoje na sociedade uma crise, ninguém quer ser pai, ninguém quer ter limite. Mas alguém precisa assumir o encargo de colocar limites, e sabemos o quanto isso é necessário.

É importante para você que é pai, assumir essa missão de ser 'lei,' de ser limite. Outra coisa importante: mesmo onde não exista um pai biológico, alguém precisa assumir o papel de pai, e deve ser do sexo masculino. Faz parte do desígnio de Deus que dentro da família real, a figura masculina ser aquele que põe limite, e alguém precisa assumir a realidade de pai.

Como colocar esses limites? É importante compreender este limite, e para isso o pai precisa de uma virtude fundamental, a magnanimidade, que quer dizer “Alma grande”. O pai precisa ser magnânimo “A águia não se alimenta de mosca", a águia que é de alma grande não come animais pequenos somente os grandes.

O pai não deve se preocupar com pequenos defeitos e sim com os grandes. Você não deve encher a vida do seu filho de regrinhas, porque as regrinhas desgastam a autoridade do pai. A mãe é responsável pelas pequenas regrinhas, e é exatamente por isso que a autoridade da mãe se desgasta, e quando ela quer dar uma ordem grande, e porque a autoridade dela já está desgastada então ela diz, bem então vou falar com o seu pai.

Porque isso? É natural que a criança tenha mais cumplicidade com a mãe, porque eles viveram juntos nove meses. Uma dica aos pais. Um excelente educador disse: 'Não dê mais de uma ordem por mês, não explique muito'. Não mande demais, mande somente coisas importantes. Existe aí uma sabedoria de não gastar a autoridade do pai. É como uma faca se você usa demais, ela gasta. E quando você precisar ela não vai funcionar.

A tendência dos filhos é querer a liberdade dos adultos, mas não querem as responsabilidades dos adultos. Se o seu pai não coloca as regras não se preocupe, porque a sociedade lhe colocará limites.

Mas também não podemos ficar só no “não”, temos que ser criativos. Se você corta a internet, a viagem, o que você está colocando no lugar? Porque se o jovem não está na internet o que é que ele vai fazer, ele não vai querer “ficar de papo pro ar”.

Talvez você não tenha planejado ter filho naquele momento, mas Deus planejou o seu filho, e você agora tem o filho, então saiba, daqui para frente a sua vida está mudada. Você precisa dedicar tempo a ele, e se você não quer que ele fique o dia inteiro na internet, gaste tempo com ele. Todo mundo quer abraço, mas ninguém quer fazer gol. Quer um filho bom? Gaste tempo com ele. Se você não tem tempo, bem então é porque você colocou na frente outras prioridades, você precisa ter alternativas, ou então depois não reclame. Vá ao cinema com seu filho, ao parque, você precisa investir tempo. É preciso também ir dando aos poucos responsabilidades para ele.

O Pai não faz chantagem, é a mãe que, quando o filho diz que vai embora, chora, diz só se for por cima do cadáver. Já o pai diz “A porta da rua serventia da casa”. Esta é a figura do pai. Quer fazer o que quer com o seu dinheiro, mas se mora na casa dos pais e não paga nada? Está errado. Se você quer liberdade de adulto e responsabilidade de criança está errado, enquanto estiver dentro de casa é preciso assumir responsabilidades.

Você foi criado na lei de Deus, você se revolta na adolescência, sai de casa. Muitas vezes os que não tem coragem de sair de casa, então saem espiritualmente, vive de cara emburrada. Na verdade ele é um covarde, não tem coragem de sair de casa, só se sente livre quando está fora de casa. Quer liberdade, mas não quer responsabilidades. E se ele sair de casa, e acontecer com ele como com o filho pródigo, ele vai se lembrar que a porta da casa estará aberta.
'Quer um filho bom? Gaste tempo com ele'

É importante que ele tenha um lugar, uma casa para voltar. Voltar para a educação que recebeu quando criança. E quantos de nós recebemos isso quando criança? Talvez você odiasse ir a Missa, mas hoje adulto, você diz: 'ainda bem que meus pais me educaram na fé católica, que bom que tenho uma casa para voltar, como “Filho pródigo”' Cobre coisas grandes, fundamentais, não encha a vida dos seus filhos de picuinhas.

Ninguém quer ser pai, ninguém quer ser limite. O problema da Igreja é de alfaiataria. Como assim? Está faltando calças compridas, está faltando homem para por limite. Qualquer clube de futebol tem lei, mas na Igreja ninguém quer que tenha lei.

Você tem todo direito de seguir a religião que você quiser, a liberdade religiosa é um dom de Deus para este país. Agora o cara não se converte direito e quer vir aqui na nossa igreja fazer bagunça? O católico tem direito de ser católico neste país e quem não quer ser católico, tem religião para todo mundo, tem de todos os gostos e cores.

E você como pai e como mãe como é que você vai educar seus filhos? Então você diz: 'mas meu filho não quer ir na missa!' Veja o que acontece, seu filho nasceu, você não diz, não vou ensinar língua nenhuma, nem português, nem inglês, quando ele crescer ele resolve se quer falar português ou inglês ou a língua que ele quiser. Ninguém faz isso, você mora no Brasil, todos falam português então você vai aprender a falar português.

Enquanto o seu filho está na sua casa ele vai ser católico, quando ele crescer, for um jovem adulto, se ele quiser mudar, ele muda.

Então você que é pai, saiba que tem um limite, tem um preço que você paga. Seu filho não convida 'a lei 'para tomar chopp com ele, ou para comer pizza. Ele convida o amigo. O preço que o seu filho paga para que o pai seja seu cúmplice é caro: ele será 'órfão'.

Como é que a gente recupera a autoridade? Obedeça a Deus. Quando as pessoas perceberem que você é o primeiro a obedecer a Deus, então as pessoas vão começar a respeitar você como autoridade.

Transcrição e adaptação: Célia Grego
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Padre Paulo Ricardo
Reitor do seminário de Cuiabá (MT)
www.padrepauloricardo.org

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