sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Orgulho




Quem pode ver as próprias faltas?
Purificai-me das que me são ocultas.
Preservai-me do orgulho, que ele não domine sobre mim.
(Salmo 18,13-14)


Soberba: a cultura do ego
'Quem pensa ser alguma coisa, não sendo nada, engana-se a si mesmo'

A soberba é o pior de todos os pecados capitais. É o que levou os anjos maus a se rebelarem contra Deus e Adão e Eva à desobediência e ao pecado original. Alguém disse que o orgulho é tão enraizado em nós, por causa do pecado original, que “só morre meia hora depois do dono”. Por outro lado, por ser o oposto da soberba, a humildade é a grande virtude, a que mais caracterizou o próprio Jesus: “Manso e humilde de coração” (cf. Mt 11,29) e também marcou a vida da Virgem Maria: “A serva do Senhor” (cf. Lc 1, 38), assim como a de São José e de todos os santos da Igreja.

São Vicente de Paulo ensinava seus filhos que o demônio não pode nada contra uma alma humilde, uma vez que sendo ele soberbo, não sabe se defender contra a humildade. Por isso, com essa arma ele [maligno] foi vencido por Nosso Senhor Jesus Cristo, pela Santíssima Virgem Maria, pelo glorioso São José, São Miguel e os demais santos.

A soberba consiste na pessoa sentir-se como se fosse a “fonte” dos seus próprios bens materiais e espirituais. Acha-se cheia de si mesma e se esquece de que tudo vem de Deus e é dom do alto, como disse São Tiago: “Toda dádiva boa e todo dom perfeito vêm de cima: descem do Pai das luzes” (Tg 1,17).

O soberbo se esquece de que é uma simples criatura, que saiu do nada pelo amor e chamado de Deus, e que, portanto, d'Ele depende em tudo. Como disse Santa Catarina de Sena, ele “rouba a glória de Deus”, pois quer para si as homenagens e os aplausos que pertencem só ao Senhor. São Paulo lembra aos coríntios que: “Nossa capacidade vem de Deus” (II Cor 3,5). Aos romanos ele afirma: “Não façam de si próprios uma opinião maior do que convém, mas um conceito razoavelmente modesto” (Rm 12,3). E “Não vos deixeis levar pelo gosto das grandezas; afeiçoai-vos com as coisas modestas. Não sejais sábios aos vossos próprios olhos” (Rm 12,16). Aos gálatas, o Apóstolo dos gentios declara: “Quem pensa ser alguma coisa, não sendo nada, engana-se a si mesmo” (Gl 6, 3).

A soberba tem muitos filhos: o orgulho, a vaidade, a vanglória, a arrogância, a prepotência, a presunção, a autosuficiência, o amor-próprio, o exibicionismo, o egocentrismo, a egolatria, etc. Podemos dizer que ela é a “cultura do ego”. Você já reparou quantas vezes por dia dizemos a palavra “eu”? “Eu vou”, “Eu acho, “Eu penso que…”, “Mas eu prefiro…”, etc.. A luta do cristão é para que essa “força” puxe-o para Deus e não para o ego. Jesus, nosso Modelo, disse: “Não busco a minha glória” (Jo 8,50). São Paulo insistia no mesmo ponto: “É porventura, o favor dos homens que eu procuro, ou o de Deus? Por acaso tenho interesse em agradar os homens? Se quisesse ainda agradar aos homens, não seria servo de Deus” (Gl 1,10).

A soberba é o oposto da humildade; essa palavra vem de “húmus”, aquilo que se acha na terra, pó. O humilde é aquele que reconhece o seu “nada”, embora seja a mais bela obra de Deus sobre a terra, a glória d'Ele, como afirma santo Irineu no século II. São Leão Magno, Papa e doutor da Igreja, no século V, disse que: “Toda a vitória do Salvador, dominando o demônio e o mundo, foi iniciada na humildade e consumada na humildade!”.

Adão e Eva, sendo criaturas, quiseram “ser como deuses” (cf. Gen 3,5); Jesus, sendo Deus, fez-se criatura. Da manjedoura à cruz do Calvário, toda a vida de Cristo foi vivida na humildade e na humilhação. Por isso, Ele afirmou que no Reino de Deus os últimos serão os primeiros e quem se exaltar será humilhado. Façamos como Santa Teresinha que procurava o último lugar…

Oração Diante das Tentações

Mãe querida, acolhe-me em teu regaço, cobre-me com teu manto protetor e, com esse doce carinho que tens por teus filhos afasta de mim as ciladas do inimigo, e intercede intensamente para impedir que suas astúcias me façam cair. A ti me confio e em tua intercessão espero. Amém.

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