sábado, 30 de abril de 2011

Beatificação do Papa João Paulo II, um santo entre nós.


Bento XVI recordou as palavras de seu predecessor em sua primeira missa solene, após ter sido eleito, em outubro de 1978.
“Não tenhais medo, abri, melhor, escancarai as portas a Cristo.”
“Aquilo que o papa recém-eleito pedia a todos, começou ele mesmo a fazê-lo. Abriu a Cristo a sociedade, a cultura, os sistemas políticos, econômicos, invertendo uma tendência que parecia irreversível. Ajudou os cristãos de todo o mundo a não ter medo de se dizer cristãos.”

Foto oficial


Confira a oração própria para pedir graças por intercessão do novo beato:

Oração ao Beato João Paulo II

Ó Trindade Santa, nós Vos agradecemos  por ter dado à Igreja o Beato João Paulo II e por ter feito resplandecer nele a ternura da vossa Paternidade, a glória da cruz de Cristo e o esplendor do Espírito de amor.
Confiando totalmente na vossa infinita misericórdia e na materna intercessão de Maria, ele foi para nós uma imagem viva de Jesus Bom Pastor, indicando-nos a santidade como a mais alta medida da vida cristã ordinária, caminho para alcançar a comunhão eterna Convosco. Segundo a Vossa vontade, concedei-nos, por sua intercessão, a graça que imploramos, na esperança de que ele seja logo inscrito no
número dos vossos santos. Amém.

Com a aprovação eclesiástica
AGOSTINO CARD. VALLINI
Vigário Geral de Sua Santidade para a Diocese de Roma
Comunicar as graças recebidas a:
Postulazione della Causa di Canonizzazione
del Beato Giovanni Paolo II
Piazza S. Giovanni in Laterano, 6/a – 00184 Roma






O Papa Bento XVI, é o primeiro a venerar o corpo do Beato Papa João Paulo II


O caixão ficará exposto para a veneração dos fiéis e depois será colocado de forma definitiva, na Capela de São Sebastião, do lado direito da Basílica de São Pedro, ao lado da Pietà de Michelangelo, com a Virgem Maria, a quem dizia pertencer: “Totus Tuus”.

Relíquia que será venerada pelos fieis.

Segundo uma nota da sala de imprensa da Santa Sé, o sangue de João Paulo II foi colhido durante seus últimos dias de vida, quando ele estava gravemente doente, para ser usado numa transfusão, caso fosse necessário.

O material ficou guardado em quatro pequenos recipientes. Dois deles foram entregues ao secretário pessoal de João Paulo II, cardeal Stanislao Dziwisz, logo após a morte do papa. Os outros dois ficaram guardados no centro de transfusões do hospital Menino Jesus, próximo ao Vaticano.

Em vista da beatificação, o sangue foi colocado em uma ampola e será usado como relíquia do novo beato, para ser venerada pelos fieis durante a cerimônia.

Depois da cerimônia, a ampola com o sangue do papa será conservada no departamento de celebrações litúrgicas do Sumo Pontífice, junto com outras relíquias. Conforme informou o Vaticano, o sangue encontra-se em estado líquido devido a uma substância anticoagulante adicionada logo após a colheita.

Leia Mais: Corpo do Papa João Paulo II é levado para cerimônia de Beatificação ~ ::Cariri em Foco:: 
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Superando as previsões, mais de 1 milhão de peregrinos e fiéis vindos de várias partes do mundo lotaram neste domingo a cidade de Roma para assistir à cerimônia de beatificação do papa João Paulo 2° na praça de São Pedro, de acordo com o porta voz do Vaticano, citando fontes da Secretaria de Segurança de Roma.
Além dos peregrinos e fiéis vindos de diversos países, 87 delegações oficiais presenciaram a cerimônia. O Brasil foi representado pelo vice-presidente Michel Temer.

Fonte:Assimina Vlahou
De Roma para a BBC Brasil


"O homem é o caminho da Igreja e Cristo é o caminho do homem.”



Durante a homília, Bento XVI disse que,  João Paulo II favoreceu uma grande reflexão sobre a confrontação entre marxismo e cristianismo centrada no homem. E conquistou espaço para o cristianismo. Sua mensagem foi esta: 
 homilia íntegra 
homilia em audio podcast: pope2you.net


Bento XVI pediu a JPII que, "continue do Céu a sustentar a fé do povo de Deus"
"Santo subito!"

Depois de apenas 42 dias da morte de João Paulo II, Bento XVI anunciou o início imediato do processo de canonização de Karol Wojtyla, dispensando o prazo canônico de cinco anos para a promoção da causa. Em dezembro de 2009, Bento XVI assinou o decreto que reconhece as “virtudes heróicas” de João Paulo II, dando o primeiro passo para a beatificação.
O papa Bento XVI explicou que o motivo pelo qual decidiu acelerar o processo de beatificação - último estágio antes da santidade - de seu predecessor foi a grande veneração popular por João Paulo II.
“Passaram-se seis anos desde o dia em que nos encontrávamos nesta praça para celebrar o funeral do papa João Paulo II. Já naquele dia sentíamos pairar o perfume de sua santidade, tendo o povo de Deus manifestado de muitas maneiras a sua veneração por ele.”
“Por isso, quis que a sua causa de Beatificação pudesse, no devido respeito pelas normas da Igreja, prosseguir com discreta celeridade. E o dia chegou porque assim quis o Senhor: João Paulo II é Beato, por sua forte e generosa fé apostólica”.
“Hoje nos nossos olhos brilha, na plena luz de Cristo ressuscitado, a amada e venerada figura de João Paulo II. Seu nome junta-se à série de santos e beatos que ele mesmo proclamou durante os quase 27 anos de pontificado.”
Logo no início da cerimônia, após a leitura de uma breve biografia de João Paulo II, o cardeal vigário de Roma, Agostino Vallini, pediu formalmente ao papa para inscrever o nome de seu predecessor no elenco dos beatos.
O papa leu a fórmula da beatificação.
“Concedemos que o venerável servo de Deus, João Paulo II, papa, de agora em diante, seja chamado de beato e seja celebrado no dia 22 de outubro.”
Logo após a proclamação do novo Beato, um novo retrato de João Paulo II foi exposto na fachada da Basílica, sob os aplausos da multidão e o papa Bento 16 recebeu a relíquia que contém o sangue de Karol Wojtyla e a beijou.

O cardeal Stanislaw Dziwisz (arcebispo da Cracóvia) ajoelha-se em frente ao novo sepulcro de João Paulo 2º na Basílica de São Pedro, no Vaticano. /Pool/AFP

Santos do Brasil:

Dezoito anos após sua morte, os restos mortais de Irmã Dulce foram expostos a centenas de fiéis, na Igreja da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, em Salvador, na Bahia. Exumado pela igreja no 27 de maio, o corpo da religiosa estava mumificado e seu hábito (traje de freira), preservado. As relíquias - denominação dos católicos para os restos mortais de uma pessoa antes da canonização - ficaram à mostra no altar do igreja.
Após a beatificação, o Vaticano precisa reconhecer mais um milagre atribuído à religiosa para que ela possa ser considerada santa (canonizada). Atualmente, no Brasil, três beatos esperam para serem canonizados. O primeiro santo totalmente brasileiro é Frei Galvão, canonizado em 2007 pelo papa Bento 16.




A beatificação é primeiro passo em direção à canonização definitiva.

 Do ponto de vista histórico, o termo «canonização» foi utilizado pela primeira vez por Alexandre III em 1171; ao passo que a distinção entre beato e santo foi formalizada por Sisto IV em 1483.

A beatificação é quando o Papa declara alguém Beato (ou Bem-aventurado), como são atualmente o Beato Anchieta, Beato Frei Galvão e os Beatos Mártires do RN; a canonização é quando o Papa declara que um beato é Santo, com aconteceu com Santa Paulina (de Beata Paulina passou a ser chamada Santa Paulina; o mesmo deverá acontecer um dia com os outros nossos beatos).


Porque canonizar um santo?

O principal objetivo da canonização é propor o exemplo e a intercessão de um Servo de Deus. A Igreja, como mãe e mestra, nos apresenta esses exemplos de santidade para nos encorajar e ajudar. É como a mãe que mostra à nós, seus filhos mais novos, o exemplo de nossos irmãos mais velhos, os santos, e nos diz para contarmos com sua ajuda. Os irmãos mais velhos nos servem de exemplo e ajudam com sua oração e vida tão cheia de Deus. É uma verdadeira vida em família!
No coração da Igreja, a liturgia
Como a Igreja faz isso? Através da beatificação e da canonização nossos irmãos mais velhos são colocados no altar, e assim passam a fazer parte dos momentos mais importantes de nossa vida em família: nossos encontros de oração! É na liturgia, nos momentos solenes de oração, a oração pública e oficial da Igreja que nós estamos mais profundamente unidos em Deus e entre nós. É o momento mais intenso da vida da Igreja, e onde ela encontra forças para viver e proclamar o evangelho a todas as criaturas, chamando para fazerem parte dessa família de santos.
Exemplo e ajuda
Colocar os santos no altar não é prestar uma homenagem póstuma, pois eles não precisam disso, mas para servir de exemplo e ajuda fraterna para nós que ainda estamos nesse mundo, caminhando para fazer a vontade de Deus, da mesma forma como os santos fizeram, seguindo Cristo rumo ao Pai. É para o nosso benefício que eles são beatificados e canonizados.
"O Brasil precisa de santos"
Os santos pertencem ao mundo inteiro, e no mundo inteiro todos os católicos devem venerá-los com respeito. Mas, seguindo o apelo do Papa João Paulo II, e conforme um antigo costume da Igreja em todas as partes do mundo, lembramos nesse nosso elenco aqueles santos que Deus ligou de forma especial à nossa terra, aqui viveram e são um exemplo todo especial para o nosso povo brasileiro. É como se eles gritassem ao nosso coração: "Não se esqueçam que vocês também são chamados à santidade! Se Deus nos santificou, poderá santificar vocês também! Coragem!". Quem pode ficar surdo a esse apelo? Vamos lá, pois Deus nos convida através do exemplo de nossos irmãos! Ele espera a nossa resposta, pois a santidade não é para o deleite pessoal, mas uma missão para o bem de toda a Igreja.



Nenhuma canonização se faz sem prévias e minuciosas investigações, estudos e pesquisas sobre a vida, obras, escritos e virtudes do servo de Deus. E a Igreja exige duas provas de caráter sobrenatural, dois milagres: um para o servo de Deus ser proclamado Beato, outro para o Beato ser proclamado Santo.



O caixão do papa João Paulo II foi exumado nesta sexta-feira, às vésperas de sua beatificação, enquanto dezenas de milhares de pessoas chegavam a Roma para um dos maiores eventos desde o funeral do pontífice em 2005. O Vaticano disse que o caixão foi retirado da cripta sob a Basílica de São Pedro enquanto altos funcionários do Vaticano e alguns dos auxiliares mais próximos do falecido papaobservavam e oravam. Entre os presentes à cerimônia estavam o cardeal Stanislaw Dziwisz, secretário pessoal e braço direito de João Paulo II por décadas, e as freiras polonesas que cuidaram da residência papal durante 27 anos.
O caixão de madeira será colocado diante do altar principal da Basílica de São Pedro. Após a missa de beatificação no domingo,ele permanecerá no local e a basílica ficará aberta até que todos os visitante que quiserem vê-lo o tenham feito. Em seguida ele será conduzido a uma nova cripta sob um altar em uma capela lateral perto da Pietà, estátua de Michelangelo. A laje de mármore que cobria seu primeiro local de repouso será enviada à Polônia.


O milagre atribuído a João Paulo II refere-se à cura da freira francesa Marie Simon Pierre.

 A freira francesa faz parte da congregação das Irmãzinhas das Maternidades Católicas. Marie Simon Pierre conta que conseguiu superar a doença em 2005, mesmo depois de apresentar todos os sintomas do Mal de Parkinson. 


João Paulo II foi o papa que ficou mais tempo no comando da Igreja Católica: foram 25 anos, de 16 de outubro de 1978 a 2 de abril de 2005. Ele foi o primeiro papa não italiano em 455 anos. Uma das suas características era a mediação política por meio da diplomacia. Conversou com líderes religiosos de diversos credos e negociou o fim de impasses. Ele veio ao Brasil quatro vezes.

"Desde o início senti uma grande simpatia, e graças a Deus, sem eu merecer, o então cardeal me doou desde o início a sua amizade. Sou grato pela confiança que depositou em mim mesmo sem eu merecer. Sobretudo, vendo-o rezar, vi e não só compreendi, que era uma homem de Deus”, contou o Papa Bento XVI em entrevista a uma TV polonesa em 2005, relembrando como nasceu a amizade com o então Cardeal Karol Józef Wojtyla, no conclave de 1978.

Esta era a impressão fundamental de Bento XVI: Wojtyla era um homem que vivia, de fato, em Deus.


“Impressionou-me a cordialidade com a qual encontrou-se comigo. Sem muitas palavras nasceu assim uma amizade que vinha propriamente do coração e logo depois de sua eleição, o Papa me chamou diversas vezes em Roma para conversas e, por fim, me nomeou Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé”, conta o atual Pontífice.

Para Bento XVI o que mais chama a atenção no pontificado de João Paulo II é o respeito e admiração conquistados dentro e fora da Igreja Católica. “O Santo Padre com seus discursos, sua pessoa, sua presença, sua capacidade para convencer, criou uma nova sensibilidade para os valores morais, para a importância da religião no mundo”, destaca.

João Paulo II criou uma nova abertura e sensibilidade para os problemas da religião,  para a necessidade da dimensão religiosa na vida do homem, e, para o atual Bento XVI, o Papa polonês sobretudo mostrou de novo a importância do Bispo de Roma.

“Todos os cristãos reconheceram – mesmo com as diferenças e mesmo não o reconhecendo como Sucessor de Pedro – que ele é o porta-voz do Cristianismo. Nenhum outro no mundo, a nível mundial, pode falar assim em nome da cristandade e dar voz e força, na atualidade do mundo, à realidade cristã.”, ressalta Bento XVI.

Mas mesmo para os não-cristãos e membros de outras religiões era ele o porta-voz dos grandes valores da humanidade. Segundo Bento XVI, é importante ressaltar que o saudoso Papa conseguiu criar um clima de diálogo entre as grandes religiões e um senso comum de responsabilidade mundial e, para João Paulo II, a violência e as religiões são incompatíveis, e que todos juntos devemos buscar o caminho da paz.


Amor pela juventude

"Antes de tudo, ele soube entusiasmar a juventude para Cristo. Isso é uma coisa nova, se pensamos na juventude de 1968 e dos anos 70. Somente uma personalidade com aquele carisma poderia conseguir que a juventude se entusiasmasse por Cristo e pela Igreja. Somente ele poderia, de tal modo, conseguir mobilizar a juventude do mundo para a causa de Deus e pelo amor a Cristo", afirmou Bento XVI.

João Paulo II criou na Igreja um novo amor pela Eucaristia, ressalta o Papa, criou um novo sentido pela grandeza da Divina Misericórdia; e também aprofundou muito o amor por Nossa Senhora e assim levou-nos a uma interiorização da fé e, ao mesmo tempo, a uma maior eficiência.

“Naturalmente, é preciso mencionar, como todos sabemos, também como foi essencial sua contribuição para as grandes mudanças do mundo, em 1989, com a queda do chamado socialismo real”, completa o atual pontífice.

Últimos encontros

O Santo Padre recorda seus últimos encontros com João Paulo II no Hospital Gemelli, poucos dias antes de sua morte, e conta que o que mais lhe impressionou foi a doação completa do futuro beato à vontade de Deus.

“No primeiro encontro, o Papa sofria visivelmente, mas estava completamente lúcido e muito presente. Eu fui até ali simplesmente para um encontro de trabalho, porque era preciso tomar algumas decisões. O Santo Padre, mesmo sofrendo, seguia com grande atenção aquilo que eu falava. Ele me disse, em poucas palavras, suas decisões, deu-me sua benção, saudou-me em alemão recordando-me sua confiança e amizade”.

Para o então cardeal Joseph Alois Ratzinger, aquele foi um momento comovente, como se o sofrimento de João Paulo II se unisse ao sofrimento de Deus, como se ele oferecesse o seu sofrimento à Deus e por Deus. Por outra parte, era possível ver como ele resplandecia uma serenidade interior e plena lucidez.

“O segundo encontro foi um dia antes de sua morte: estava obviamente sofrendo, rodeado por médicos e amigos. Ainda muito lúcido, deu-me sua benção. Não podia falar muito. Para mim, esta paciência no sofrimento foi um grande ensinamento, sobretudo consegui ver e sentir como se estivesse nas mãos de Deus e como se ele se abandonasse à vontade de Dele. Apesar das dores visíveis, estava sereno, porque estava nas mãos do Amor Divino”, recorda Bento XVI.

Nicole Melhado
Da Redação, com Rádio Vaticano (tradução equipe CN Notícias)



Um santo vivo!

O Papa dos jovens

Eu era bem pequena quando ouvi falar que ele viria ao Brasil pela primeira vez. Nunca imaginei que fosse um homem tão importante, mas logo percebi que sua visita era algo extraordinário. Como não tínhamos televisão em casa e morávamos na roça, minha mãe levou a mim e a meus irmãos, também crianças, para assistirmos, na casa da vizinha (que aliás já estava empilhada de gente), sua chegada à capital brasileira. Lembro-me ainda de que, enquanto esperava impaciente para vê-lo descer logo do avião, ouvia vários comentários a seu respeito, entre eles, ouvi uma senhora já idosa dizer com seu ar de sabedoria apurada: "João Paulo II é um santo vivo!" Virei-me rapidamente para ela na espera de que continuasse a falar, pois logo associei a imagem do Papa à dos “santinhos” que minha mãe tinha em casa. Mas entre tantas conversas paralelas e a ansiedade para ver a chegada do Papa à Terra de Santa Cruz, só consegui guardar isto: "João Paulo II é um santo".

Fui crescendo e acompanhando passo a passo sua trajetória, seu amor pela humanidade, sua voz forte, que depois se tornou trêmula e embargada, mas nunca se calou diante das multidões, encontrava sempre espaço em meu coração e no coração de tantos jovens, idosos e crianças por este mundo afora. Com o passar do tempo e o agravamento da doença (Mal de Parkinson), sua santidade foi se evidenciando ainda mais, assim como seu esforço para continuar a missão que lhe fora confiada, suas limitações expostas e seu sorriso em meio às dores eram prova disso. Quem não chorou ao vê-lo pela última vez em público, era quarta-feira, dia 30 de março, a Praça São Pedro estava repleta de fiéis à espera de ouvir sua voz, ele, com muito esforço, tentou falar, mas sem sucesso, acabou acenando e abençoando, com as mãos trêmulas, a multidão que o observava comovida. Era seu amor à humanidade, expresso na cruz de suas limitaçãos humanas. Depois de percorrer o mundo como “Messageiro da paz”, “João de Deus” e o “Papa dos jovens”, era hora de parar, de voltar ao Pai. Sua imagem, no entanto, jamais se apagou da lembrança de quem o viu de perto ou de longe. 

Dizem que é na provação que se reconhece um santo. Ele foi provado e quem o acompanhou, atesta sua santidade. "Jamais perdeu a intimidade com o Céu". "Teve uma morte cheia de vida" são alguns dos comentários que ouvimos.

Hoje, a poucos dias de sua beatificação, e tendo em mãos as credenciais para trabalhar na cobertura deste evento mundial, penso contantemente em tudo que, na minha vida, traz por uma razão ou outra as marcas da sua fé, do seu ministério, do seu testemunho. E lembro-me também daquela senhora que, para mim, foi profeta; suas palavras acompanharam minha infância e tiveram grande influência na minha fé. Era o início do pontificado do Papa Wojtyla, suas obras ainda não eram tão conhecidas, e ela viu mais longe, declarando em primeira mão sua santidade. 

Hoje já não está entre nós, mas se estivesse eu faria questão de recordar-lhe o fato e dizer que ela tinha razão, o mundo todo já sabe, ele era mesmo “um santo vivo”! Era “um homem de Deus” como também ouvimos tantos dizerem. E o mais bonito é que ele sabia transmitir esse Deus a quem amava, servia e queria testemunhar sem cessar; esse Deus a quem comunicava, com seu amor, em suas palavras, seu sorriso, seu testemunho, suas orações e sua caridade ordenada e multiplicada em inúmeros gestos e atitudes. Quem não se lembra, ao menos de ouvir falar, de seu gesto, por exemplo, quando doou o anel pontifício em prol da Favela do Vidigal durante a primeira viagem ao Brasil em 1980? Ou ainda do perdão concedido a Ali Ağca, homem que disparou um tiro contra ele na Praça São Pedro em 13 de maio de 1981?
E uma nuvem de testemunhos vêm à nossa lembrança, quando pessamos em Karol Wojtyla. Um homem que passou da formação clandestina à Catedra de São Pedro. De ator à personalisação da verdade. De leigo orfão a Pastor universal da Igreja.

Quanta superação, quanto entusiamo e quanta doação marcaram sua trajetória neste mundo!

Um pontificado de quase três décadas, o terceiro mais longo da história da Igreja, e uma vida de quase 85 anos, assinalada por perdas e dificuldades várias, mas também por inúmeras conquistas e lições de amor. 

Entre suas marcantes características, recordo-me de João Paulo II como um homem orante. Rezava noites inteiras ou pelo menos muitas horas seguidas, como que atraído pelo divino desejo de comunhão com a Santíssima Trindade e com a Virgem Maria, a quem dizia pertencer: “
Totus Tuus”. E depois falava e agia a partir daquilo que contemplava, rezava e meditava nas suas horas de intimidade com Deus. Acredito que está aí revelado seu segredo. Só uma profunda vida de oração gera santidade! E foi assim o Papa João Paulo II, a quem a Igreja, pela decisão de seu sucessor, irá declarar beato em poucos dias.

Que seu testemunho nos contagie e nos arraste para a meta da santidade em nossos dias, fazendo com que sejamos também nós “Santos vivos”. Esta é a mais nobre vocação humana.

Dijanira Silva Apresentadora da Rádio CN FM 103.7 em Fátima Portugal



Ouça a voz do cardeal Dziwisz
bem parecida com a de JPII

Cardeal Dziwisz celebra missa na capela onde a partir de agora jaz o corpo de João Paulo II

Publicado 2011/05/03
Autor: Gaudium Press
Secção: Mundo
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Cardeal Dziwisz presta homenagem diante do novo túmulo do beato João Paulo II, na Basílica de São Pedro
Cidade do Vaticano (Terça-feira, 03-05-2010, Gaudium Press) Não mais as Grutas Vaticanas, mas a Capela de São Sebastião, a segunda depois da entrada da Basílica vaticana, passa a ser lugar de culto ao agora Beato Papa João Paulo II. Hoje pela manhã o Cardeal Stanislaw Dziwisz, então secretário particular de João Paulo II, presidiu uma missa em privado diante do altar que passa a conservar o corpo do novo beato na Capela de São Sebastião. O ataúde foi transportado para a capela ontem à noite, após a Basílica ter sido fechada.
Quando hoje de manhã a Basílica de São Pedro foi reaberta, às 7h, muitas pessoas já esperavam na entrada. Vieram rezar no novo túmulo de João Paulo II.
Ontem à noite, às 19h30 (horário de Roma) foi realizada a cerimônia de reposição do caixão com o corpo do novo beato, presidida pelo Cardeal Tarcisio Bertone, Secretário de Estado, que estava acompanhado pelos cardeais Angelo Comastri, arcipreste da Basílica, e o próprio Stanislaw Dziwisz, que é também arcebispo de Cracóvia, na Polônia. Estavam presentes ainda os mais próximos colaboradores de Papa Wojtyla, como a freira Tobiana, junto às outras seis que trabalhavam no apartamento papal, entre outros.
Até às 17h30 desta segunda-feira, as pessoas puderam prestar homenagem ao corpo do beato João Paulo II. Por volta das 16h, o Cardeal Comastri recitou o último rosário.

Segundo os dados da Gendarmeria vaticana, mais de 100 mil pessoas passaram diante do caixão do Papa polonês. Com os dados de domingo, no total foram mais de 350 mil pessoas.

Cardeal Dziwisz - Missa de Agradecimento por Beatificação de JPII


(tradução de Leonardo Meira - equipe CN Notícias)




Celebração Eucarística de Agradecimento
pela Beatificação de João Paulo II


palavras iniciais do ex-secretário particular de João Paulo II
e atual Arcebispo de Cracóvia, Cardeal Stanislaw Dziwisz
Praça de São Pedro, segunda-feira, 2 de maio de 2011



Seja louvado Jesus Cristo!


"Mas que poderei retribuir ao Senhor por tudo o que ele me deu?" (Sl 115, 3). As palavras do salmista, cheias de estupor e gratidão, tornam-se hoje as nossas palavras. O que retribuiremos ao Senhor pelo dom da Beatificação de JPII, Seu servo e pastor de Seu povo? Elevaremos o cálice da salvação e invocaremos o nome do senhor. Não encontramos outras palavras. O dom é demasiado grande para se conseguir expressar aquilo que sente toda a igreja, para expressar aquilo que sentem os nossos corações.


Eminência caríssima, em nome de todos os peregrinos, particularmente os da Polônia, reunidos hoje na Praça de São Pedro, agradeço por presidir essa celebração um dia após o acontecimento esperado que vivemos ontem nesta mesma Praça.


Pedimos-lhe que agradeça ao Santo Padre Bento XVI, que interpretando o sensus fidei do povo de Deus, declerou Beato o seu Predecessor, mantendo sempre viva a sua memória desde o momento do retorno à casa do Pai. O nosso reconhecimento ao Santo Padre pela decisão de abrir o processo de beatificação e canonização do Servo de Deus, por ter confirmado a heroicidade de suas virtudes e o milagre, escolhendo o Domingo da Divina Misericórdia como dia de sua Beatificação.


Estamos convencidos de que essa escolha reforçará ainda mais a fé dos discípulos de Cristo no Deus rico em Misericórdia. O Beato torna-se, assim, juntamente com Santa Faustina, o grande apóstolo desta verdade. Agradecemos também ao Santo padre pela belíssima celebração de ontem e pela homilia estupenda, um programa de vida para todos nós.


Eminência, assegurai ao santo Pàdre a nossa incessante oração por ele. Prometo uma especial oração no Santuário da Divina Misericórdia em Cracóvia. Em nome do episcopado polonês, juntamente com seu presidente e cardeias, agradeço a Santa Sé, especialmente a Congregação para as Causas dos Santos, por todo o empenho dedicado à Beatificação.


Agradeço ao Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano, na pessoa de seu presidente, Cardeal Giovanni Lajolo, ao Cardeal Angelo Comastri, Arcipreste da Basílica Vaticana e a seus colaboradores, à Prefeitura da Casa Pontifícia e ao Departamento das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice.


Sobretudo, agradeço à Diocese de Roma, com seu Vigário, o Cardeal Agostino Vallini, e também ao Cardeal Camilo Ruini, que guiou o processo diocesano de Beatificação.


Expresso a nossa gratidão às autoridades da cidade de Roma, pela recepção e acolhimento de tantos peregrinos vindos nestes dias de todo o mundo à Cidade Eterna. Com o testemunho da vida de cada dia de João Paulo II, agradeço a Itália pela simpatia e cordialidade com a qual, durante muitos anos, acolheu o Papa que, vindo de um país distante, tornou-se, no entanto, de um país próximo.


Agradeço essa simpatia que acompanhou o Santo Padre no seu longo pontificdado. Vosso belíssimo país tornou-se para ele, como dizia, a segunda pátria. Obrigado, de coração, em nome do Beato João Paulo II, a quem veio hoje para agradecer ao Senhor e ao Santo Padre por esta estupenda e expecional Beatificação.


Obrigado a vós e a todos os Cardeais, ao Decano, Cardeal Angelo Sodano, aos Bispos celebrantes e aos sacerdotes, que se unem em oração de gratidão a Deus pelo dom recebido.


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